Os brasileiros começaram 2022 com uma nova variante do coronavirus e assustados com o aumento dos custos dos principais produtos básicos, como alimentos e remédios, além de serviços essenciais: energia elétrica, água, telefone, gás etc. A alta dos preços após quase dois anos de pandemia se junta às dívidas comuns da maioria dos brasileiros e o aumento das taxas de juros que sobrecarregam o orçamento familiar. E como sempre são penalizados quem tem menor poder aquisitivo. A inflação de 10,06% em 12 meses corroeu o poder de compra e para contê-la, o Banco Central aumentou de 2% a 9,25% a taxa básica de juros.
Ouvido pelo Jornal de Juatuba e Mateus Leme, o presidente do Sindicato do Comércio, Sindicomércio Itaúna, Alexandre Maromba, afirmou que não há um estudo específico ou dados disponíveis no IBGE que tragam informações sobre a inflação na região. No entanto, os impactos gerados pela alta dos preços seguem pulverizados em todo território nacional, fruto de um choque de oferta de produtos decorrente da pandemia, o que permite fazer uma análise da situação local. Alexandre Maromba traz dados divulgados pela economista Gabriela Martins, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais, Fecomércio-MG, e explica que no Brasil a variação acumulada da inflação em 12 meses atingiu o patamar de 10,06%, muito acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. O grupo de transportes acumulou uma alta de 21,03%, seguido por habitação (13,05%), artigos de residência (12,07%), vestuário (10,31%) e alimentação (7,94%).
“É importante destacar que os grupos de transporte, habitação e alimentação chegam a comprometer, em conjunto, cerca de 70% do orçamento familiar e por isso, a pressão sobre o nível de preços desses segmentos representa um ‘peso’ maior para as famílias, principalmente as com menor renda”, explica.
No entendimento de Alexandre, os maiores pesos inflacionários correspondem justamente aos setores essenciais e é certo que a inflação está pesando no bolso das famílias principalmente para a aquisição de bens essenciais como gás de cozinha, combustíveis, na carne, frutas e legumes, derivados do leite, entre outros. Ele afirma ainda que esses são bens considerados de primeira necessidade e, por isso, mesmo em momentos de crise, o consumidor não tem a alternativa para renunciar ao consumo.
“Nesse sentido, a escalada nos preços afeta o orçamento familiar, comprometendo-o ainda mais, restando uma parcela cada vez menor para o consumo não essencial. As famílias, frente ao achatamento da renda ocasionado pelo aumento dos preços, passam a priorizar o que irão consumir, dando preferência para itens básicos e de subsistência em detrimento de outros produtos, considerados supérfluos. Esse comportamento afeta, ainda que de forma indireta, todo o comércio, que enfrenta uma redução nas vendas e, consequentemente, nas receitas. E o processo inflacionário também exerce um impacto direto nas empresas, principalmente com aumento do preço dos insumos para o processo produtivo e à matriz de custos dos negócios”, esclareceu.
Os alimentos não são os mais caros
Alexandre Maromba destaca que os alimentos contribuíram para a alta inflacionária e possuem um impacto mais relevante, principalmente porque são essenciais. Porém, pondera que esse segmento não é o único componente responsável pelo indicador geral.
“Como destacamos, o setor de transportes, além de apresentar um peso expressivo no orçamento familiar, computou, em 2021, um aumento de 21,03%. E o segmento de habitação, sob influência do encarecimento da energia elétrica, apresentou um aumento de 13,05%. Resta lembrar que o IPCA é a inflação oficial brasileira, representando os diversos aumentos ocorridos em todos os segmentos. Porém, existem outros indicadores de inflação, cujos dados nos mostram que o peso do aumento do nível de preços pode ser sentido em toda a cadeia produtiva: o Índice de Preços ao Produtor apresenta um crescimento de quase 30%, ao passo que o IGPM da Fundação Getúlio Vargas, indicador adotado para reajustes de aluguéis, subiu próximo a 17%. Portanto, percebemos que o comportamento do aumento dos preços está acontecendo de forma disseminada, impactando todas as famílias e empresas”, pontuou.
Usuários reclamam do reajuste das passagens dos ônibus
Os usuários do transporte intermunicipal de Juatuba e Mateus Leme estão amargando mais um reajuste nos valores das tarifas. Os novos preços são em virtude dos constantes aumentos do óleo diesel e da inflação e o reajuste, segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra), é necessário para garantir que as empresas não fiquem sem condições de disponibilizar as linhas, cumprindo os quadros de horários definidos no contrato.
Apesar da justificativa, os usuários não veem o aumento da passagem como uma solução para os problemas. Átila Silva dos Santos, de 26 anos, mora em Mateus Leme e usa o transporte público para chegar até o trabalho. O jovem foi pego de surpresa com o reajuste que passou a valer no último dia 30 de janeiro, e não concorda nem um pouco com o aumento da passagem. “Totalmente injusto. Os ônibus estão em péssima condição, e o preço da passagem só aumenta, sem nenhuma melhoria. Tem ônibus que está circulando há anos sem manutenção correta, chega a ser perigoso para os passageiros”, desabafou.
Além de sofrer com reajustes e a falta de manutenção dos ônibus, Átila também reclama sobre os horários, que acabam ocasionando superlotação nos veículos. “Se eles aumentassem a passagem e melhorassem os horários, fizessem a manutenção correta dos ônibus a gente poderia até concordar. Diversas linhas atrasam, algumas vezes, os motoristas até matam horário, isso acaba causando superlotação”, revela.
Novas taxas
As tarifas do transporte coletivo metropolitano ficaram 13% mais caras, e o aumento, contemplou todas as linhas como é o caso das linhas de Azurita, Betim, Estação Eldorado, Belo Horizonte e a linha Mateus Leme à Juatuba. A linha que leva até Betim, que custava R$ R$ 6,75, por exemplo, hoje custa R$ 7,65. Já a linha do Eldorado que era em média R$10, passou para R$12,25. Por sua vez, a linha que leva até Belo Horizonte que era em média R$15 passou a ser mais de R$17.
Apesar do reajuste, o quadro de horários das linhas metropolitanas será normalizado e os ônibus voltarão a operar da mesma forma que antes da pandemia.
Audiência pública vai discutir reajuste do IPTU, ITBI e criação de taxa do lixo em Juatuba
Os moradores de Juatuba poderão amargar ainda mais com aumentos de impostos, em plena crise econômica ocasionada pela pandemia. Isso porque no final de 2021, o prefeito de Juatuba, Adônis Pereira, enviou à Câmara projeto de lei que reajusta impostos municipais, entre eles o Imposto Predial e Territorial Urbano e o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis. A justificativa do projeto, segundo o executivo, é “adequar os tributos à realidade do município e corrigir o valor venal dos imóveis”. A proposta da nova base de cálculo dos valores imobiliários seguirá dois quesitos, o de terreno sem construção e de imóvel construído.
“Taxa do Lixo”
Mesmo com o recuo no valor a ser cobrado, o polêmico projeto da “Taxa do Lixo” proposto pelo prefeito Adônis, continua ainda travado nas comissões de Redação, Justiça e Finanças da Câmara. O prazo de 45 dias para que as comissões avaliem a matéria e emitam o parecer venceu no fim de dezembro de 2021. Portanto, após o recesso parlamentar, ele deve, por determinação do regimento interno do legislativo, ser colocado em discussão.
Segundo o presidente da Câmara, Ted Saliba, no retorno das atividades legislativas, no próximo dia 07, todos os projetos pendentes serão colocados em pauta. “Iremos realizar audiências públicas para que a população conheça e opine sobre o reajuste do IPTU e do ITBI, e também sobre a criação da taxa do lixo, propostos pelo executivo”, revelou.