A triste realidade da população que sofre com a falta de água em Juatuba

“Quem tem condições paga caminhão pipa de R$300, quem não tem fica sem água”, diz morador

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O crescimento desordenado somado ao descaso do poder público provocou grandes distorções de infraestrutura no Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apontam que 5,2 milhões de brasileiros vivem em moradias irregulares e em locais onde não há ruas asfaltadas, iluminação ou saneamento básico. 

É este cenário que causa indignação, principalmente porque está há poucos quilômetros da capital do Estado, que se repete em Juatuba e deixa crianças, jovens, idosos, famílias inteiras, sem ter acesso a água potável.

As regiões de Francelinos, Samambaia, Eldorado e a Ocupação Santa Fé são as localidades que mais sofrem. De acordo com o morador Adão Carlos da Silva, a Copasa não está distribuindo água desde a última quinta-feira e os moradores estão sofrendo com o desabastecimento. “É desesperador, mas cobramos uma coisa simples que é dignidade. É lamentável ver crianças arrastando carrinho com galões para entrar na fila da água. E isso é apenas quando o caminhão chega no bairro. O que mais me indigna é que as crianças podem se submeter a buscar água, mas são proibidas de trabalhar pelo Conselho Tutelar”, diz.

O cidadão Daniel Alves encaminhou fotos para a reportagem, mostrando a triste e sofrida realidade de quem mora em Francelinos, Samambaia, Eldorado e na Ocupação Santa Fé. Além das fotos, através de áudios e mensagens, ele afirma que a Copasa pode resolver o problema é que para isto basta apenas a empresa querer. “O que falta é boa vontade e comprometimento com a prestação de serviço de qualidade”. Quando o caminhão pipa vem, ele já chega vazio, mal dá para distribuir para cinco famílias e essa região, tem mais de duas mil. Todas as autoridades têm ciência da situação, mas nunca quiseram resolver o problema. Ninguém está pedindo esmola, só queremos água tratada que é nosso direito”, esbraveja.

O morador revelou ainda que a situação é tão lamentável que tem fotos registradas que nem pode encaminhar para a reportagem, pois elas registram o desespero de crianças e idosos na busca pela água. “Não posso deixar que estas fotos se tornem públicas sem a autorização dos pais, pois as cenas são fortes. A gente ajuda como pode e sabemos que não está faltando água nos reservatórios, conforme dados apresentados por amigos que trabalham na Copasa. Ficamos à mercê da boa vontade e não sabemos quando a água chegará. Enquanto isso, a cena que se repete quando o barulho de caminhão é ouvido é a mesma: muita correria, o desespero dos moradores e até parece que estamos no sertão nordestino”.

Dois extremos

Enquanto em algumas regiões de Juatuba não há água para o consumo, relatos e denúncias que chegaram à reportagem é de que caminhões pipas estão sem usados para molhar estradas que estão sendo compactadas em outras regiões. “O próprio funcionário me contou que estão fazendo isso, enquanto o povo está sem água. É um desrespeito com a população é um absurdo total”. 

Outra pessoa, que preferiu não revelar sua identidade, com medo de retaliações, revela que quem tem condições de pagar, consegue água. “Nessa semana, um grupo de moradores se juntou e pagou R$300 por um caminhão pipa. Infelizmente essa é nossa realidade: quem tem condições financeiras, paga caminhão pipa, quem não tem fica sem água”.

CPI ainda sem desfecho

As queixas sobre os problemas de interrupção no fornecimento de água são também dos moradores de Mateus Leme. Praticamente toda semana, ambas cidades reclamam sobre a falta de água.

Enquanto falta água, a Comissão Parlamentar de Inquérito que segue ocorrendo em Mateus Leme, ainda não tem novos desfechos. A visita dos prefeitos Adônis e Renilton à Copasa na semana passada não surtiu efeito algum e os problemas e reclamações só aumentam.

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