A reunião do Legislativo desta segunda-feira (14) teve como protagonistas, representantes da população de Juatuba que, tomados de revolta protestaram contra um vídeo gravado pelo prefeito Adônis Pereira, em que ele manda os críticos “irem esfriar a cabeça na chuva”. Muita gente compareceu na Câmara para demonstrar insatisfação com o chefe do executivo e manifestantes distribuíram nariz de palhaço para quem chegava ao plenário para assistir a reunião. Outros levantavam cartazes com frases de protesto: “esfriamos a cabeça na chuva quando atolamos o carro na rua cheia de buracos”; “comunidade de Francelinos manifesta sua indignação com o descaso da atual gestão em atender as necessidades da população” e “Sr. Prefeito, esfria a cabeça na chuva e isenta a população do IPTU, porque não estamos vendo o retorno do imposto”.
A manifestação foi pacífica e os vereadores aprovaram o pedido de um jovem que pediu para falar na tribuna mesmo sem ter feito inscrição prévia. Wilk Fernando, morador do Distrito de Francelinos, desabafou e foi ovacionado pelos manifestantes. Ele reafirmou a indignação de toda comunidade depois da divulgação do vídeo do prefeito no final de semana. “Ficamos muito chateados com a fala dele, quando ele cita que devemos ir para chuva e esfriar a cabeça. Isso é um desaforo, um deboche e uma falta de respeito com o povo que é pagador de impostos e tem que conviver nessas ruas de terra com buracos e lama. E inaceitável ver esse vídeo”, disse Wilk, que declarou que toda população esperava que o prefeito fizesse um vídeo falando sobre o planejamento da cidade após as chuvas”, desabafou. “Exigimos respeito do prefeito, afinal fomos nós que colocamos ele lá”, finalizou.
Após interdição de via e protesto no Cidade Nova I, prefeitura faz “paliativo” em ponte
A situação política em Juatuba não está nada tranquila, principalmente para a atual administração que não consegue dar respostas para os problemas que a população vive há anos e que foram intensificados com as últimas chuvas. E para ter suas demandas ouvidas, a população resolveu manifestar: o primeiro protesto foi em frente a porta da prefeitura, há duas semanas. Vários cidadãos tentaram falar com o prefeito, não conseguiram e foram para a Câmara onde passaram para os vereadores diversas solicitações, dentre elas a aprovação de um auxílio emergencial, a limpeza e restruturação de pontes e vias e apoio para a realização de uma ação coletiva de indenização contra a mineradora Vale, pela contaminação de suas residências com a lama de rejeitos.
O mais recente protesto ocorreu no último final de semana no bairro Cidade Nova I, quando moradores interditaram uma via com pneus, dormentes e faixas, pedindo a conclusão da ponte do bairro que cedeu com as últimas chuvas. Durante a manifestação, os moradores gravaram vídeos cobrando a solução definitiva do problema, já que a segunda ponte do bairro também está cedendo e corre risco de os moradores da região ficarem ilhados. “Há mais de um mês a ponte cedeu; isso é obra de um dia. Esse vídeo não é promoção política, essa população está aqui indignada”, disse um dos manifestantes.
Elias Emanuel do Nascimento, que também é morador do Cidade Nova I, disse à reportagem que os que cobram melhorias para a cidade são vistos como pessoas que só sabem reclamar, mas o município precisa de pessoas com esse perfil. “Eu sou uma dessas pessoas que cobra e corre atrás. Não dá para ficar com o tampão nos olhos e não falar nada. Eu votei e fiz campanha para o prefeito Adônis e até caminhei junto com ele. Só que tem muita coisa malfeita na cidade e eu não posso me omitir. Eles não gostam de serem cobrados, mas a minha posição será essa, eu não posso ser censurado”, explica.
Os moradores colheram cerca de 400 assinaturas em um abaixo assinado que foi entregue para o presidente da Câmara. “Estamos entregando o documento e caso melhorias não sejam feitas, entraremos com uma ação popular contra a prefeitura. A cidade inteira está indignada”, completou Elias.
“Paliativo porco”
Esta semana, moradores do Cidade Nova I entraram em contato com a reportagem para reclamar de intervenção realizada pela prefeitura de forma paliativa e, segundo eles, sem nenhum critério de segurança. De acordo com a denúncia, o prefeito apenas jogou algumas pedras na cabeceira da ponte e aterrou. “Primeiramente, não existem paliativos em pontes, se um carro cair ou até alguém se machucar, será que o prefeito será responsabilizado? Ficou muito mal feito, tanto que a água já está levando tudo embora. Ao invés de ajudar, isso deve ter abalado ainda mais a estrutura da ponte. Serviço extremamente porco”, disse a moradora do bairro, Sônia Gontijo.
