Associação de Prevenção do Câncer auxilia mulheres da RMBH com acompanhamento em procedimentos cirúrgicos e quimioterapia

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Foto Lucas Morais

O Jornal de Juatuba e Mateus Leme começa nesta edição uma série que mostra os trabalhos de entidades que realmente fazem a diferença na vida das pessoas nos municípios de Juatuba, Mateus Leme e região.

E essa semana, a reportagem apresenta o trabalho da Associação de Prevenção do Câncer na Mulher, Asprecam, que atua no acompanhamento de mulheres da Região Metropolitana de Belo Horizonte, que enfrentam o Câncer em consultas, exames e diversos procedimentos, além de realizarem visitas domiciliares.

Para participar do projeto, as voluntárias passam por um treinamento na própria entidade, o que ajuda a ter preparo emocional, além de conhecimento sobre a trajetória das mulheres que recebem tratamento no SUS, como os protocolos e até para ajudar a entender melhor os diagnósticos e prognósticos. Com isso, elas podem atuar como acompanhantes, caso a paciente não tenha um familiar disponível ou até prefira não ter, inicialmente, o envolvimento dos entes queridos, como ocorre em alguns casos.

O Estatuto da Pessoa com Câncer ainda garante assistência social e jurídica, além da proteção ao bem-estar pessoal, social e econômico e a legislação também garante que o paciente oncológico conte com a presença de acompanhante durante o atendimento e todo o período de tratamento: é nessa situação que entra uma das principais frentes de atuação da Asprecam.

Com relação ao voluntariado, o último levantamento disponível no país, divulgado no ano passado, aponta que são 57 milhões de voluntários ativos, índice que corresponde a 57% da população adulta. Em 2011, eram 18%, conforme o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

Atuação em Juatuba

A apresentação da Associação à reportagem foi feita pela Assistente Social, Tarciana Alves, 37, que mora em Juatuba e se desloca quase 53 km para acompanhar as atendidas pelo projeto. “Aprendo muito com essas mulheres fortes e guerreiras, que todos os dias enfrentam a fila do SUS. Muitas vezes, ainda esperam um tempo longo até a cirurgia, e elas nos ensinam a nos tornamos um ser humano melhor. É começar a se colocar no lugar do outro”, pontua.

Segundo a assistente social, há ainda casos de pacientes que até possuem familiares ou amigos dispostos a acompanhar o tratamento, mas não conseguem por conta dos compromissos do dia a dia. “É um filho que quer muito acompanhar a mãe, só que não consegue por conta do trabalho. Muitas empresas não aceitam a declaração de comparecimento, e essa mulher acaba indo sozinha”, explica.

Histórias de luta e superação

Há quase dez anos, Cláudia Magalhães, que é diretora administrativa da associação, conheceu inúmeras histórias de luta e superação. Muitas ficaram marcadas para sempre, como a de uma jovem mãe de 26 anos que enfrentou o diagnóstico de câncer de mama enquanto amamentava o terceiro filho. Ela chegou a perceber um nódulo na mama, porém, durante consulta no posto de saúde, o médico descartou qualquer tumor por conta da idade dela. Quando foi descoberto o câncer, já estava em estágio muito avançado.

“Eu percebia que ela sempre chorava muito na hora que conversava com a médica, porque ela tinha uma necessidade grande de respostas que a profissional não tinha para dar. Ela se questionava muito o motivo de acontecer isso, a razão dos medicamentos não surtirem efeito e quanto tempo de vida ela teria”, recorda emocionada. Cláudia ainda acrescenta que tanto a mulher quanto a família nunca estão preparadas para receber um diagnóstico tão difícil quanto o câncer.

Além disso, a dirigente cita que a entidade atua com muitas pacientes em situação de vulnerabilidade social, que grande maioria são da Região Metropolitana de Belo Horizonte. “São mulheres muitas vezes sozinhas, porque se separaram dos maridos ou são mães solteiras, às vezes viúvas. Acontece também com frequência delas serem abandonadas pelo companheiro ao longo do tratamento, ou mesmo sem ele estar dentro de casa, não participa mais do processo, não acompanha no hospital e também não quer saber o que elas estão passando”, revela.

Gratidão e retribuição

Moradora de Juatuba, Maria Aparecida, 65, passou a fazer parte do projeto depois que descobriu o câncer de mama. Para a dona de casa, uma das principais missões das voluntárias é mostrar que existe vida mesmo durante o tratamento.

“Quando recebemos o diagnóstico é tanta informação, tantos exames, que nos sentimos perdidas, nem sei expressar a gratidão que tenho pelo trabalho da Associação. As meninas voluntárias acompanham diretamente as pacientes, ajudam a marcar exames, acompanham em consultas, visitam nossa casa para saber se precisamos de algo a mais. Além de todo projeto, existe a sala de escuta, que tem profissionais da área de psicologia voluntárias para nos ajudar emocionalmente nesse momento de fragilidade. A palavra se resume a gratidão”, enfatiza.

Moradora de Belo Horizonte, Viviane Ramos enfrenta a doença há oito anos, em uma rotina de idas e vindas ao hospital. Apesar de tantas dificuldades, ela ainda ajuda outras mulheres que enfrentavam o tratamento sozinhas. “Eu vou em cirurgias com colegas oncológicas, fico com elas no hospital. Só que aí os médicos chegam e sabem que também sou paciente, e mandam eu voltar para casa. Eu tive uma colega que faleceu no ano passado e sequer sabia o tipo de quimioterapia que estava tomando”, conta. Casos como esses que Viviane presenciou reforçam a importância da presença de um acompanhante ao longo do tratamento. A Associação de Prevenção do Câncer na Mulher, ASPRECAM, fica localizada na Av. do Contorno, 2.646, sala 504, no Santa Efigênia em Belo Horizonte. Para acessar o serviço ou se tornar uma voluntária, basta entrar em contato pelos números: (31) 3241-3238 ou (31) 97199-2515 ou no e-mail: contato@mamamiga.com.br