Atingidos por barragens fazem protesto em Belo Horizonte

MAB realizou ocupações, reuniões e marchas para denunciar violações de direitos e lutar contra a tentativa de privatização do setor energético

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O dia 14 de março, reconhe­cido como o “Dia Internacio­nal de Luta contra as Barra­gens, pelos Rios e pela Vida”, mobilizou os atingidos de Juatuba, Mariana, Brumadi­nho e de toda parte do país em diferentes atos. As mani­festações integram a jornada de lutas de março que aconte­cem até o próximo dia 22, Dia Mundial da Água.

A militante, Joelísia Feitosa, disse ao Jornal de Juatuba e Mateus Leme, que os atingidos de diversas cidades ocuparam sedes de órgãos públicos e a Assembleia Legislativa, reali­zaram marchas simbólicas para reivindicar a reparação dos danos e denunciaram os impactos causados pelas bar­ragens de mineradoras e hidrelétricas, que impõem sérios riscos à vida de mora­dores do entorno. Segundo a militante, o movimento lem­brou a desestruturação de comunidades, perdas econô­micas e impactos sociais e ambientais imensuráveis, “como no caso dos crimes de Mariana (2015) e Brumadinho (2019) e de dezenas de barra­gens que são consideradas em situação emergência no Brasil”.

O coordenador do MAB, Joceli Andrioli disse que uma das principais pautas da jor­nada deste ano é a defesa da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens, que visa garantir o direito dos atingidos pela cons­trução, operação, desativação ou rompimento de barragens no país. “Apresentamos a pauta do MAB estadual a quatro pro­motores e ao Procurador Geral do Ministério Público, além de três integrantes do governo do Estado. Elaboramos um docu­mento com todas as demandas, mas o centro da cobrança é com relação à negociação de recursos para os atingidos das enchentes em Minas Gerais, principalmente os moradores de cidades cortadas por ribei­rões e rios que receberam os rejeitos e lama contaminada dos últimos rompimentos. No resumo, foram feitas novas promessas que vamos cobrar”, disse.

O que os atingidos pedem

O projeto da PNAB lista vários direitos da população atingida por barragens, entre os quais a reparação por meio de indeni­zação, o reassentamento cole­tivo da comunidade, assessoria técnica independente paga pelo empreendedor, auxílio emer­gencial nos casos de rompi­mento, reparação por danos morais individuais e coletivos e outras questões relacionadas aos impactos das barragens nas áreas de saúde, saneamento ambiental e habitação.

Além da luta pela aprovação da PNAB, a Jornada de 2022 também traz à tona a denúncia da falta de reparação dos danos causados pelas enchentes em diversos estados. Em muitos casos, o efeito das inundações foi potencializado pela abertura das comportas de grandes bar­ ragens sem aviso prévio, como foi o caso da Bahia. Já em Minas Gerais, os atingidos das Bacias do Rio Doce e do Rio Paraopeba sofreram com as enchentes con­taminadas pela lama tóxica que vão permanecer nos rios por muitos anos

Mulheres atingidas encaminham carta às deputadas mineiras

Também nesta semana, as mulheres atingidas por bar­ragens encaminharam uma carta às parlamentares que historicamente estiveram próximas às lutas do MAB no Congresso Nacional. Elas denunciam o atual modelo de produção de energia que segue violando direitos humanos, em especial o direito das mulheres, seja nas obras de geração de energia elétrica, acumulação de rejei­tos ou distribuição de água.

De acordo com as atingi­das, as violações acontecem tanto no processo de cons­trução, quanto na operação e nos casos criminosos de rompimentos de barragens. “Até hoje as populações atingi­das seguem sem uma política de garantias de seus direitos, ficando à mercê de legislações que só beneficiam as grandes empresas”, afirmam as mulhe­res no documento.

Na carta, as mulheres denunciam também o alto preço da energia elétrica. “Mesmo sendo o Brasil um grande produtor de energia hídrica, sofremos cada dia mais com os impactos dos altos preços das tarifas de luz, situação que se agrava diante do processo da privatização da Eletrobrás em anda­mento”, afirmam. Segundo levantamento do MAB, estima-se que a privatização deve provocar aumentos acima de 25% na conta de luz, além da queda de quali­dade na prestação de servi­ços do setor energético e o aumento de apagões.

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