“Brigada 1” pede apoio da população para intensificar trabalho voluntário em Mateus Leme e região

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Até setembro, Minas Gerais havia registrado um total de 14.332 incêndios em vegetações por todo o estado. Esses incidentes aumentam de junho a novembro, período de seca que, este ano, foi ainda mais severo.

Em Mateus Leme, especificamente em diversos pontos da Serra do Elefante, os incêndios florestais são uma realidade cotidiana para a população. Isso porque a vegetação seca, aliada à baixa umidade e altas temperaturas criam condições propícias para o surgimento do fogo.

O dia a dia

O dia começa quando um alerta de incêndio chega no grupo de WhatsApp dos brigadistas. Pela dificuldade de acesso do Corpo de Bombeiros e pelo extenso conhecimento do terreno acidentado, esses profissionais, treinados para atuação em situações de emergência como incêndios e desastres naturais, já são esperados para o controle das chamas que acontecem em Mateus Leme e região. O primeiro passo, que é essencial, é vestir o Equipamento de Proteção Individual composto principalmente pela roupa resistente ao fogo, de cores chamativas, que facilita a identificação durante o trabalho.

Sempre em grupos de, no mínimo, três, os brigadistas andam dezenas de quilômetros em condições adversas, em meio ao calor e à fuligem, para chegar ao local atingido pelo fogo. O trabalho desgastante não acaba quando o primeiro incêndio é controlado, já que, normalmente, outros focos vão aparecendo ao longo do dia. Os brigadistas são voluntários e atuam em diversas profissões.

Apoio é essencial

A Brigada 1 atua há 20 anos no combate aos incêndios em Mateus Leme e outros seis núcleos em Minas Gerais: Belo Horizonte, Ouro Preto, São João del-Rei, Pará de Minas, Montes Claros e Pequi. E conforme informações dos próprios brigadistas, o grupo voluntário atua principalmente em grandes áreas de relevância ambiental, como na Serra do Elefante e em unidades de conservação e áreas verdes.

A Brigada 1 mantém parceria com a Fundação Municipal de Parques e Zoobotânica e contribui no combate aos incêndios em parques municipais. O trabalho é feito principalmente durante a noite e nos fins de semana, já que os voluntários também precisam conciliar a atuação de brigadistas com as profissões.

Trabalho árduo

De acordo com Ana Karina Roque, que participa da Brigada 1 desde 2017, a onda de calor e o tempo seco ocasionada pelo El Nino e pela chegada da primavera, criaram um clima muito favorável aos incêndios florestais, o que tem dificultado o trabalho dos profissionais nas últimas semanas.

“Esta semana, a brigada atuou no combate a um incêndio na mata da UFMG. As altas temperaturas deixaram o trabalho muito exaustivo; o calor e o tempo seco, além do terreno da mata ser de difícil acesso, foram desafios que enfrentamos. Dá para sentir você desidratando e perdendo a energia. A gente avançava um pouco e parava para respirar, pois o fogo estava muito intenso”, explica Ana.

Por se tratar de um trabalho voluntário, a Brigada 1 conta também com o apoio da população, que é essencial para a manutenção do trabalho. “O complicado do voluntariado são os recursos financeiros. O pessoal pergunta: ‘Mas você trabalha de graça?’ E eu até brinco falando que pago para trabalhar. A gente tem que comprar equipamento, transporte e alimentação. Por isso, pedimos o apoio da população e fazemos campanhas para comprar isotônico, água e comida”, conta Ana Karina. Além do apoio da população, a ajuda financeira também vem da parceria com as instituições públicas.

“Temos uma atividade muito perigosa. Na Brigada 1 realizamos um curso de quatro dias para aprender técnicas que são muito específicas e exigem muito treinamento. Fazemos também a conscientização constante da população para evitar apagar fogos sem esse curso. É preciso ter muito cuidado”, finaliza a brigadista.

Aqueles que desejarem ajudar o grupo voluntário, podem fazer doações ao Pix CNPJ: 05.840.482/0001-01. É possível realizar doações diretas também no Parque do Rola Moça; entregando no almoxarifado da brigada, água, isotônico, frutas e alimentos.