Catadores de recicláveis de Azurita afirmam que reunião na prefeitura só serviu para “inglês ver”

OLHO: “Muita gente está passando dificuldades e até fome. As contas de água e energia estão atrasadas. E as empresas que nos apresentaram, não irão contratar pessoas sem escolaridade como muitos de nós”

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Mais de 30 catadores que vivem da coleta e reciclagem do lixo que chega diariamente ao depósito do Distrito de Azurita estão sem a principal fonte de renda há um mês, após uma empresa que cuida do lixo na cidade, retirar os catadores do local, sem aviso prévio. Segundo populares, a retirada ocorreu à força, já que diversos maquinários começaram a aterrar o lixo, causando risco aos catadores, que tiveram que se retirar.

Segundo eles, não foi oferecida qualquer possibilidade da criação de uma cooperativa e tampouco de acolhimento e integração deles pela administração. Após as críticas ganharem repercussão na internet, a prefeitura convocou os catadores para uma reunião e durante a conversa mostrou diversas empresas que supostamente contratariam os catadores.

No entanto, em contato com o Jornal de Juatuba e Mateus Leme, os catadores afirmaram que tudo não passou de uma cena e que a reunião que ocorreu recentemente, só serviu para “inglês ver”.

“Ontem a prefeitura levou o pessoal do Sine para apresentar as oportunidades de emprego nessas firmas que existem na beirada da rodovia de Mateus Leme. Mas a maioria é analfabeto e não vai passar pelo setor de psicotécnico das empresas. Eles não querem isso, querem a reciclagem. Enquanto isso, muitos estão passando dificuldades e até fome. As contas de água e energia estão atrasadas. E as empresas que nos apresentaram, não irão contratar pessoas sem escolaridade como muitos de nós”, disse Vanderlei ______.

Um dos catadores revela ainda que alguns colegas estão quase sendo presos pela falta de pagamento de pensão alimentícia. “A empresa que está lá, está aterrando cobre, alumínio, ferro, papelão e todos os materiais que os catadores garimpavam e revendiam. Agora os catadores passam fome e até correm risco de serem presos, pela falta de pagamento de pensão alimentícia”, denuncia.

Sem respostas

O assunto foi tema de debate na reunião da Câmara do mês passado. A Comissão de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural, Científico e do Meio Ambiente, composta pelos vereadores Guilherme do Depósito, Irene de Oliveira e Wellington Batata, encaminhou um requerimento solicitando explicações acerca das intervenções no lixão de Azurita.

O documento que foi aprovado por unanimidade, questiona qual o nome da empresa, seu contrato social e quem é o gerente administrador da usina que realizará o beneficiamento do lixo. Os vereadores cobram também respostas a acerca da localização da sede da empresa, além de documento de propriedade do imóvel. Foi questionado ainda quem seria o responsável pela liberação de alvará para a empresa e as respectivas autorizações da pasta de Meio Ambiente do município.

Os vereadores querem saber ainda quantas pessoas trabalham no lixão de Azurita e se existe algum planejamento da prefeitura para amparar essas pessoas. Por fim, os parlamentares cobram um documento celebrado entre o município e a ASCALEME, envolvendo catadores e maquinários. Já se passaram 15 dias e o prefeito não respondeu aos vereadores.