Com medo de surto de dengue, população pede fiscalização no Palácio dos Leilões

Juatubenses denunciam que Secretaria de Saúde não tem feito ações de combate ao mosquito Aedes na cidade

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foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press

Na última semana o Jornal de Juatuba e Mateus Leme divulgou reportagem sobre a dengue em Minas e especificamente nos municípios de Juatuba e Mateus Leme. De acordo com os dados da Secretaria de Estado de Saúde, Juatuba confirmou até o último dia 23 de janeiro, um caso da doença e outro de febre Chikungunya. Mateus Leme segue sem registros confirmados ou suspeitos.

Esta semana, nos grupos de WhatsApp e na internet, o principal tema de debate e comentários foi o descaso com o combate à doença em Juatuba. A alegação dos internautas é que a prefeitura não está promovendo fiscalização com agentes de endemias nas casas e tampouco campanhas de conscientização da população.

Risco no Palácio dos Leilões

Populares aproveitaram o assunto e questionaram também se os agentes de endemias do município estão fazendo fiscalização no pátio do Palácio dos Leilões. “Eu já pedi formalmente informações sobre qual foi a contrapartida oferecida pelo Palácio dos Leiloes ao município, pela concessão do terreno, porque quando a empresa veio para cá foi porque foi expulsa de Contagem. Foi dado um prazo judicial para que eles se retirassem o pátio de Contagem, porque eles não faziam dedetização, os carros batidos ficavam à céu aberto e inclusive criando condições para focos de Dengue, Chikungunya e Zika. A situação estava calamitosa no município. Eu, quando era fiscal no município vizinho, notifiquei várias vezes a empresa e nada foi resolvido. Eles dedetizavam uma pequena área e os focos não acabavam”, disse o popular Toninho, ex-fiscal de endemias da prefeitura de Contagem.

Os internautas questionam também sobre a real situação do pátio em Juatuba. “Aquele pátio é maior que dois bairros da cidade, imagina o quanto de foco de dengue deve ter naqueles carros batidos que ficam à céu aberto, tomando chuva, e a prefeitura sequer fiscaliza”, disse outro internauta.

Toninho completou dizendo que a concessão foi feita na época do governo da Valéria, e que ele inclusive questionou o filho da prefeita sobre os termos para a concessão e informou que o Palácio havia sido “expulso de Contagem”, pela situação calamitosa de Dengue em seus pátios. No entanto, os integrantes do poder executivo à época não informaram os termos da concessão e tampouco a contrapartida da empresa ao município. “Quando Juatuba acordar e tiver uma epidemia incontrolável na cidade, será tarde. Porque vem carro do Brasil inteiro para cá, imagina o quanto de doença vem junto”, alertou.

Secretaria de Saúde contesta internautas e diz que agentes de endemias têm atuado em “todos os locais de risco eminente”

O Jornal de Juatuba e Mateus Leme procurou a Secretaria de Saúde para saber sobre as ações de combate às endemias no município e também questionou se estão ocorrendo fiscalizações nas empresas que são dotadas de pátio aberto e que têm materiais ou veículos expostos.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Juatuba contestou as falas dos internautas, dizendo que a prefeitura faz ações de combates às endemias e atua de acordo com o cronograma da Secretaria de Estado de Saúde.

Segundo a pasta, a prefeitura realiza o Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti – LIRAa, todos os anos, nos meses de janeiro, março e outubro. Através do LIRAa podem ser levantados indicadores de infestação predial, indicadores de tipos de depósitos predominantes e de imóveis positivos.

“O setor de endemias também realiza o tratamento focal, que consiste em visitas domiciliares em ciclos bimensais, em, no mínimo 80% de todos os imóveis do município. E por último, mas não menos importante, são feitas pesquisa e tratamento em pontos estratégicos, em locais onde há concentração de depósitos do tipo preferencial para a desova da fêmea do Aedes aegypti ou especialmente vulneráveis a introdução do vetor, como em cemitérios, borracharias, ferros-velhos, depósitos de sucata ou de materiais de construção, garagens de ônibus e de outros veículos de grande porte. As atividades de vigilância nesses locais são realizadas com periodicidade quinzenal. A aplicação residual e/ou focal deve ser realizada mensalmente ou quando detectada a presença de focos”.

Segundo a nota da Saúde, durante essas visitas são feitas ações integradas de manejo ambiental (retirada de criadouros), tratamento focal e aplicação de inseticida espacial para eliminar as formas adultas do mosquito e interromper a transmissão da doença”, diz nota.

Situação do Programa Nacional de Controle da Dengue em Juatuba

Atualmente, a Secretaria de Saúde conta com 15 Agentes de Combate a Endemias para as atividades de Pesquisa (LIRAa), Tratamento Focal e Bloqueio de Transmissão: são dois Agentes para os Pontos Estratégicos, um Supervisor de Campo, um agente para Laboratório, um Agente no Apoio Administrativo, dois Agentes para o projeto de monitoramento do Aedes aegypti através de ovitrampas e um Biólogo referência técnica do Programa. No total são 22 Agentes de Combate a Endemias que estão exclusivamente que compõem o Programa Nacional de Controle da Dengue em Juatuba.

De acordo com a Saúde, no ano de 2022, o Programa realizou, no município, três LIRAa, seis ciclos de Tratamento Focal e 20 ciclos de Pesquisa e Tratamento em Pontos Estratégicos.  “Também foi realizado em todas as escolas municipais e creches ações de combate ao Aedes, transmissor da dengue e outras arboviroses, com o objetivo de fortalecer a interlocução entre unidades escolares e de saúde para a constante socialização de dados sobre a situação da dengue, bem como os principais focos de contaminação, além da formação de multiplicadores”.

Este ano, segundo a secretaria de Saúde já foi realizado o 1º LIRA e estão programadas mais três edições para os meses de maio, agosto e outubro. Há também um Comitê Municipal de Mobilização, Prevenção e Combate à Dengue, Chikungunya, Zika Vírus e outras arboviroses do município de que está em atividade auxiliando no Planejamento das Ações de Enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti.

Quanto à situação epidemiológica foram notificados 89 casos em todo o ano de 2022, nenhum caso de Febre Hemorrágica foi notificado, assim como não houve óbito no período. Em 2023, até o momento foram notificados três casos.

“Quanto ao Palácio dos Leilões temos a informar que a empresa conta com os serviços de uma empresa especializada contratada para fazer o combate à dengue nas suas dependências. A empresa é licenciada para realizar essa atividade e envia quinzenalmente relatórios para a Secretaria Municipal de Saúde atendendo a uma condicionante da Licença Ambiental”, diz nota.

Combate no município

Ainda segundo a Secretaria Municipal de Saúde, no ano de 2022 a pasta aderiu ao programa de “Monitoramento do Aedes no estado de Minas Gerais” realizado em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde. O programa consiste na instalação de armadilhas (ovitrampas) para a captura de ovos do mosquito Aedes aegypti. O Monitoramento constitui-se como método sensível e econômico para detectar a presença do vetor, sendo eficiente, em especial, na detecção precoce de infestações em áreas onde o mosquito foi eliminado ou recentemente introduzido com a finalidade de monitorar a infestação.

O programa conta com a participação voluntária de moradores que permitem que a uma armadilha seja instalada na sua residência na parte externa do imóvel, em local sombreado e protegido da chuva, e com o menor fluxo de pessoas e animais. As ovitrampas são depósitos de plástico, na cor preta, com capacidade de 500 ml, contendo uma palheta de eucatex para coletar as oviposições das fêmeas.

O Programa de Monitoramento do Aedes aegypti em Juatuba iniciou com a instalação de 25 (vinte e cinco) armadilhas nos bairros São Gerônimo, Canaã, Parque Alvorada e Vila Maria Regina e será ampliado, em 2023 com a implantação de 45 (quarenta e cinco) novas armadilhas, totalizando 73 (setenta e três). Nessa segunda etapa serão atendidos os bairros: Veredas da Serra, Castelo Branco, Vila Verne, Coqueiro Verde, Santo Antônio e Eldorado (na Região de Francelinos) e Samambaia.

O programa permite conhecer a infestação e a quantidade de mosquitos Aedes aegypti a cada 15 dias e, com isso, definir ações com uma maior precisão e agilidade para controlar esse vetor.

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