“Não temos carro pra gente aleijada em Juatuba”. Foi isso que um deficiente físico ouviu depois de pagar as provas de legislação e prática em uma autoescola de Juatuba. A denúncia chegou ao jornal de Juatuba e Mateus Leme na tarde de terça-feira (27), quando o portador de necessidades especiais que preferiu não se identificar entrou em contato com a reportagem para relatar o que segundo ele “é um absurdo”. O juatubense tem o braço esquerdo menor que o direito e, por isso, precisa que o carro seja adaptado.
“Fui ao Departamento Estadual de Trânsito de Juatuba e, de lá, me encaminharam para o Detran de Belo Horizonte. Fiz um laudo e a prova de legislação. Fui reprovado uma vez. A moça da recepção disse: ‘não desiste que é muito difícil’. Paguei de novo e passei”, disse.
No dia da prova prática, que ocorreu em Juatuba mesmo, o candidato à habilitação foi surpreendido com um carro manual. “Nos meus documentos, consta que eu preciso de um carro com câmbio automático e pomo no volante. Então reclamei com o suposto dono da autoescola e ele virou para mim e disse que ‘não mexia com gente aleijada’ e que eles não ‘tinham carro pra gente aleijada’”, contou.
A chefe da divisão de habilitação do Departamento Estadual de Trânsito, Maria Alice de Faria, lamentou o ocorrido. “É lamentável atender um cidadão de forma pejorativa e até ofensiva. Isso pode até mesmo ser caracterizado como um crime. Não é admissível aos nossos parceiros esse tratamento. Esse mesmo comportamento pode gerar para nós uma apuração no âmbito administrativo”, disse.
Entretanto, segundo ela, o Detran não possui condições de exigir de todos os seus parceiros que eles tenham veículos que atendam todos os tipos de adaptações. “Mas é obrigação desse parceiro credenciado informar a essa pessoa que o procura e que já está enquadrado como uma pessoa que precisa da adaptação, se ele possui ou não condições de atender esse cidadão”, completou.
O denunciante disse ao Jornal de Juatuba e Mateus Leme que não iria se identificar porque a autoescola possivelmente seria de propriedade de “um político da cidade”, e que “estava com medo de retaliação”.