Estudos apontam que água do Rio Paraopeba continua contaminada

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Mesmo após quatro anos do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, resultados ainda não são conclusivos e as recomendações de não utilização das águas do rio Paraopeba se mantém e há estudos que mostram que o retorno do rio a sua condição pré-rompimento demoraria entre 7 e 11 anos.

O jornal da Universidade Estadual Paulista publicou estudos desenvolvidos com base no “Projeto ENTIRE”, que é um monitoramento das águas superficiais e subterrâneas do Rio, estudo este, composto de extensas análises dos resíduos presentes nos solos de áreas atingidas pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão.

A reportagem do jornal da Unesp traz uma luz às comunidades ribeirinhas do Paraopeba, afirma que o grupo de estudo constatou a possibilidade da utilização da água do rio com tratamento adequado durante os períodos de seca, que é quando existe uma diminuição na concentração dos metais encontrados na água, quando comparado ao período chuvoso.

Em nota ao Jornal de Juatuba e Mateus Leme, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas, pontuou que embora existam estudos que comprovam que a água possa ser tratada, isso não significa que ela possa ser de fato utilizada, pois o estudo não apontou exatamente qual seria o “tratamento adequado”, qual a diferença deste tratamento para o tratamento convencional ou quem seria responsável por realizar tal tratamento.

“Assim, a população deve continuar seguindo as orientações dos órgãos ambientais, sobretudo do Instituto Mineiro de Gestão das Águas, responsável pela gestão das águas em Minas Gerais. No último Boletim Informativo do Cidadão, o IGAM mantém recomendação da não utilização da água do Rio Paraopeba no trecho entre Brumadinho e o município de Pompéu, localizado a aproximadamente 250 km de distância do rompimento”, diz nota. 

Contaminação comprovada

Recentemente, as revistas científicas internacionais Applied Geochemistry e Science of The Total Environment também publicaram estudos apontando a contaminação de sedimentos e água no Rio Paraopeba e afluentes, ocasionado pelo rompimento da barragem de rejeitos da Vale, em Brumadinho. O objetivo central do estudo foi identificar os impactos gerados em áreas atingidas pelo rompimento e fornecer informações que auxiliem na compreensão sobre a extensão da contaminação ao longo da bacia.

Os resultados mostraram que, de fato, o Rio Paraopeba sofreu um nítido aumento de diversos contaminantes relacionados à exploração mineral, que persistem mesmo após três anos do rompimento até a data dos dados obtidos pelas equipes responsáveis pelo estudo.

Os estudos indicaram ainda a influência dos rejeitos principalmente até os 115,8 km abaixo do local do rompimento, argumentando que o reservatório da termoelétrica Igarapé contribuiu para reter uma parte dos rejeitos.

Outra questão importante foi a identificação da capacidade dos metais transitarem entre o fundo do rio e sua corrente, dependendo das condições ambientais. Por fim, a partir da utilização de modelos matemáticos, entendem que o retorno do rio a sua condição pré-rompimento demoraria entre 7 e 11 anos. Apesar disso, consideram os resultados como preliminares por terem usado uma série de dados de curto prazo.

As pesquisas e publicação de estudos não terminam por aí, os pesquisadores indicaram que será elaborado um terceiro artigo científico, com o objetivo de revisar os dados dos dois estudos já publicados, ou seja, os resultados serão reavaliados.