Juatuba e Mateus Leme entre as cidades com as maiores taxas de homicídio da Grande BH

Levantamento considera a média anual da taxa de assassinatos por habitantes no período entre 2012 e 2022

0
477

Dos 39.223 homicídios registrados em Minas Gerais desde 2012 até maio de 2023, 15.638 ocorreram na região metropolitana de Belo Horizonte, o que equivale a quase 40% dos crimes. Sem considerar a capital mineira, foram 9.574, cerca de 24%. Os dados são do Observatório de Segurança Pública da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública.

Apesar dos números apontarem redução no número de assassinatos na última década, as cidades pequenas aparecem na liderança do ranking de taxas de homicídio por habitantes. O cálculo considera a taxa de mortes por 100 mil habitantes. Mas como a Grande BH possui a maioria das cidades com população inferior a esse número, o valor de referência usado foi o número de homicídios por 10 mil habitantes.

São Joaquim de Bicas lidera o ranking da taxa de homicídios por habitantes. Entre 2012 e 2022, a cidade registrou uma taxa média anual de 7,43 mortes por 10 mil moradores. Em segundo lugar, está Taquaruçu de Minas, com taxa média anual de 5,83. Esmeraldas é a terceira, com 5,67, e Juatuba a quarta, com 5,24. Fecham a lista Mário Campos e Mateus Leme, ambas com 3,85.

Os números

Belo Horizonte é a cidade mineira com maior número total de assassinatos, com 6.064 mortes desde 2012. A capital chegou a ter uma taxa de homicídio de 3,52 a cada 10 mil habitantes, em 2013. Em 2022, foram 1,20 assassinatos a cada 10 mil habitantes. Na média dos últimos 11 anos, o indicador é de 2,17.

Contagem é a segunda cidade da Grande BH com mais homicídios desde 2012, com 2.123 mortes. A média da taxa de assassinatos por 10 mil habitantes é de 2,91 mortes. Assim como BH, o município apresenta redução nos números desde 2016, quando foram 258 óbitos. No ano passado, foram 90.

Homicídios em alta na região

A cidade de Esmeraldas é a mais populosa que aparece neste levantamento, com cerca de 85 mil habitantes. No município, ocorreram 433 homicídios desde 2012. A média da taxa de homicídio por 10 mil habitantes, entre 2012 e 2022, é de 5,67. O ano com mais mortes ocorreu em 2015, com 53 óbitos.

Na sequência, temos Juatuba com 30 mil habitantes, que desde 2012, registrou 148 homicídios. A média da taxa de homicídio por 10 mil habitantes entre 2012 e 2022 é de 5,24.

Já em Igarapé, cidade com cerca de 45 mil habitantes, ocorreram 193 assassinatos desde 2012. A média de taxa de homicídio por 10 mil habitantes entre 2012 e 2022 é de 4,30. A cidade também convive com redução das mortes ano a ano, desde 2018. No ano passado, foram 6 mortes. O município chegou a registrar 27 em 2015.

A última da região, Mateus Leme, com mais de 35 mil habitantes, registrou 134 homicídios nos últimos 11 anos. A média anual da taxa de assassinatos por 10 mil habitantes é de 3,85. A cidade registrou os anos com mais homicídios no período entre 2012 e 2016. Em 2015 e 2013, a cidade teve 19 assassinatos. Desde então, o número tem caído. No ano passado, foram sete mortes. Neste ano, ocorreram outras seis.

Avaliação

Ao Jornal de Juatuba e Mateus Leme, o especialista em segurança pública, Jorge Tassi, pontuou que o levantamento não compara o perfil de violência entre as cidades. Mas destaca que fatores isolados podem alterar os dados e ter impacto maior em municípios menores.

Segundo o especialista mesmo com as cidades menores registrando um número maior de homicídios, no quadro geral, o quantitativo cai, a redução, segundo ele, em parte, pode ser explicada pela mudança da postura do crime organizado: “A ordem tem sido matar menos”. Ele avalia que é um comportamento que chega primeiro nas grandes cidades, no qual o tráfico de drogas é mais estruturado. “Crime organizado é dinheiro. E eles não querem polícia, porque atrapalha os negócios”, afirma. Outros especialistas da segurança pública acreditam que houve “profissionalização do tráfico de drogas, com maior controle dos homicídios”. Segundo militares, o crime reduziu. “BH apresenta uma redução expressiva de homicídios. Isso está muito relacionado a uma nova estrutura, que também ocorre em outras regiões. O tráfico continua forte, mas mais empresarial”, analisa militar que preferiu não se identificar.