Juatuba sofre com picos de energia e deficiência do serviço prestado pela Cemig

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Na última semana, durante a reunião na Câmara, o vereador Léo da Padaria fez um relato sobre a crise energética que assola a cidade. Os frequentes picos de energia têm causado inúmeros transtornos à população, resultando em reclamações generalizadas. Em resposta, o presidente da Câmara, Laécio do Silvestre, convocou a presença de um representante da Companhia Energética de Minas Gerais para esclarecer a situação. No entanto, como em outras ocasiões em que os parlamentares fizeram a solicitação para a Cemig, nenhum representante da empresa apareceu.

Em entrevista ao Jornal de Juatuba e Mateus Leme, o presidente da Câmara explicou que os problemas de falta de energia não são novidade na cidade. Além dos picos de fornecimento, há também deficiências na manutenção das redes e transformadores, projetados para uma população significativamente menor do que a atual.

“As redes foram projetadas para atender 10 mil pessoas e hoje, Juatuba tem uma população de cerca de 40 mil habitantes e os equipamentos não conseguem mais atender à demanda crescente”, explica.

Os impactos dessa crise afetam tanto os moradores, quanto os comerciantes locais. Os primeiros têm, frequentemente, danos financeiros devido à queima de aparelhos eletrônicos, enquanto os empresários amargam prejuízos em seus negócios. A deficiência na prestação de serviços pela Cemig repercute negativamente na economia local, gerando descontentamento e dificultando o desenvolvimento empresarial.

Negociações frustradas

Laécio revelou que diversas tentativas de solucionar o problema junto à Cemig foram feitas, mas sem sucesso. A empresa, segundo ele, tem sido evasiva nas respostas aos vereadores. “Eles sempre dizem para levarmos as demandas, mas não resolvem”, conta.

Mesmo a realização de audiências públicas e a intermediação de conversas via deputados estaduais, ainda não conseguiram agilizar uma resolução. “O prefeito já fez reunião com Dr. Maurício (NOVO), eu sempre converso com Celinho do Sinttrocel (PCdoB) e outros vereadores também já tentaram intermediar a situação com os parlamentares mineiros”, revela.

Diante da inércia da Cemig, Laécio disse que o problema já foi levado para órgãos fiscalizadores como a Agência Nacional de Energia Elétrica, no entanto, as denúncias apresentadas até o momento não resultaram em melhorias significativas. Em um último recurso, em setembro de 2023, Laécio protocolou denúncia junto ao Ministério Público, na esperança de que uma intervenção da Justiça possa finalmente resolver a crise.

Apesar das dificuldades, o presidente da Câmara expressou otimismo em resolver a situação. Ele comparou a luta atual com a batalha travada durante duas décadas para garantir a instalação de redes de esgoto pela COPASA, ressaltando que embora os resultados ainda não sejam ideais, houve um avanço significativo na infraestrutura sanitária da cidade. “Com a COPASA, foram 20 anos debatendo a questão. Ainda não está bom, precisa melhorar, mas, pelo menos, estão sendo atendidas algumas demandas”, ressalta. “Além disso, durante a última visita do governador Zema ao município, pressionamos o governo estadual a fazer uma intervenção para minimizar esta crise energética”.

Prejuízo para a economia local e geração de empregos

A energia elétrica é um dos elementos mais importantes nos dias atuais, e mesmo uma breve queda de energia pode causar enormes perdas produtivas, de materiais e receitas para as empresas. O grau de impacto que uma interrupção é capaz de causar poderá variar de acordo com a atividade e o segmento do negócio, podendo até mesmo colocar a vida de pessoas em risco, no caso de instalações médicas.

Toda a estrutura de uma empresa necessita de energia elétrica nos seus processos, independente do segmento e, qualquer possível falha ou queda de energia, mesmo que durante pouco tempo, pode causar a suspensão das atividades, impossibilidade de usar computadores e ar condicionado nos escritórios, impede o funcionamento de máquinas nas indústrias, perdas de alimentos perecíveis em empresas do setor alimentício e por consequência pode causar perdas irreversíveis para o negócio.

Segundo o presidente da Câmara, tão grave quanto a situação que as empresas que estão em Juatuba enfrentam, é o fato de que o município tem perdido muitas possibilidades de abrigar novos empreendimentos por causa da deficiência da rede elétrica.

Ele cita o exemplo de uma empresa que teve que arcar com um custo exorbitante para conectar-se à rede elétrica. “Recentemente uma empresa de grande porte comprou um terreno de R$ 5 milhões para instalação de uma unidade no município. No entanto, a Cemig pediu R$ 3 milhões para viabilizar a rede elétrica para atender o empreendimento”, conta.

O parlamentar também lembrou o caso de uma cervejaria e uma fábrica de ração que deixaram de vir para Juatuba e gerar empregos na cidade, devido aos altos custos para instalação de redes elétricas.

Apesar dos desafios, Laécio afirma que a Câmara não dará trégua. “Espero que realmente a população pare de sofrer com essa situação e que os órgãos competentes consigam solucioná-la. A Câmera está unida para resolver essa questão e vamos usar todas as ferramentas para isso”, ressalta.