Nesta quinta-feira (12), a Justiça sentenciou Ariosvaldo Ferreira de Souza a 22 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato de Andreia Julião, ocorrido no dia 8 de abril, no bairro Cidade Satélite. O caso, que chocou a comunidade, foi julgado pelo Tribunal do Júri que, após meia hora de deliberação, considerou o réu culpado.
A sentença foi proferida pelo juiz titular da Vara Única da Comarca de Juatuba, Leônidas Amaral Pinto.
Durante o julgamento, foram ouvidos dois dos filhos da vítima e a irmã de Andreia. A defesa tentou argumentar que o réu estava com sua capacidade de raciocínio reduzida no momento do ato, além de solicitar uma redução da pena por conta da confissão espontânea de Ariosvaldo.
Entretanto, o juiz enfatizou na sentença que o crime foi cometido com extrema violência e em um contexto de violência doméstica, o que evidencia a periculosidade do acusado e a necessidade de proteger a ordem pública. Além da pena de prisão, o réu foi condenado a pagar uma indenização de R$ 200 mil aos filhos da vítima, a título de danos morais. Essa decisão segue entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que permite a fixação de valores em casos de violência doméstica contra mulheres, mesmo sem quantias especificadas previamente no processo. O réu também foi responsabilizado pelo pagamento das custas processuais. O advogado de defesa recorreu da sentença.
População desejava pena máxima
Apesar da condenação, a pena de 22 anos gerou indignação entre familiares e amigos da vítima. O pastor Fernando dos Reis, amigo próximo da família de Andreia, expressou sua frustração ao apontar que o condenado poderá estar em liberdade após cumprir apenas metade da pena, devido às regras de progressão. “Esse resultado, infelizmente, foi muito brando, o que pode acabar incentivando outros crimes semelhantes. Estamos falando de um crime bárbaro, premeditado, contra uma mulher que já havia se separado há mais de oito anos. Ele nunca deu suporte aos filhos, e Andreia sempre trabalhou duro para sustentar a casa. O trabalho da polícia foi impecável, com provas robustas, mas o julgamento deixou a desejar. Isso é revoltante para a família e para a sociedade”, declarou o pastor.
Fernando ainda ressaltou o clima de medo vivido pelos filhos de Andreia, tanto antes quanto após o crime. “Eles não tinham respeito pelo pai, tinham medo dele. Mesmo no julgamento, isso ficou evidente. Uma decisão branda como essa pode ser vista como um incentivo para homens que acham que podem agir como donos da vida de suas companheiras ou ex-companheiras”, lamentou Pastor Fernando.
Relembre o crime brutal
Andreia Julião foi assassinada enquanto atravessava uma área deserta a caminho do trabalho, por volta das 5h30 da manhã, no dia 8 de abril deste ano. Segundo a investigação, Ariosvaldo, inconformado com o novo relacionamento da ex-mulher, premeditou o crime com frieza. Ele utilizou uma enxada e uma faca para atacá-la, arrastando o corpo para uma área de mata próxima à linha férrea que corta o bairro Cidade Satélite.
De acordo com o laudo pericial, o réu tentou despistar as autoridades ao usar luvas para não deixar rastros e destruir os pertences de Andreia, simulando um latrocínio. Contudo, as investigações desmascararam a tentativa de encobrir o feminicídio, revelando a verdadeira motivação do crime: ciúmes e sentimento de posse.