Laudo aponta que após enchentes lama contaminada está espalhada em Juatuba

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O rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão em Brumadinho deixou o rio Paraopeba mais estreito e menos profundo. Grande parte dos rejeitos e sedimentos chegaram ao curso d´água e, segundo os militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o assoreamento do rio contribuiu para a disseminação de lama tóxica durante as enchentes do início do ano.

Após a mineradora Vale não cumprir a recomendação do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, que pediu a limpeza de áreas impactadas pelas últimas chuvas, os municípios de Juatuba, Brumadinho, Mario Campos e São Joaquim de Bicas contrataram o Grupo BioEng Consultoria Ambiental e Mineração, para elaborar e emitir um laudo preliminar simplificado de possível contaminação.

O grupo que fez a análise é composto por oito integrantes, de diferentes áreas e as amostras de solo e água em Juatuba, foram coletadas, próximo ao “Bar da Magna”, no bairro Ponte Nova, um dos locais mais afetados pela cheia do Rio Paraopeba. O resultado é que a lama que continua espalhada pelas ruas do município, contém rejeitos de minério e materiais como silício, ferro, alumínio, magnésio, fósforo e enxofre.

A pesquisa levou em consideração a série histórica de dados do IGAM antes do rompimento que apontava como fato comum registros de concentrações elevadas de ferro e manganês nas águas, inclusive superiores aos padrões de qualidade.

Responsabilização à Vale

A militante do Movimento dos Atingidos por Barragens, em Juatuba, Joelísia Feitosa, encaminhou à reportagem um requerimento de instauração de inquérito civil público feito pelo MAB junto ao Ministério Público. O documento solicita a apuração dos fatos e mitigação dos danos decorrentes das enchentes na região do rio Paraopeba, uma vez que a Vale já foi condenada à reparação integral de todos os danos decorrentes do rompimento da barragem de Brumadinho/MG, incluindo os danos futuros.

De acordo com Joelísia, as chuvas e enchentes no início de janeiro, ocasionaram graves danos às moradias, lazer, saúde, propriedade, geração de renda e convivência comunitária às comunidades próximas ao rio Paraopeba, com situações de casas praticamente submersas e, após o retorno do rio ao leito, os terrenos encontraram-se com enormes quantidades de lama possivelmente contaminada.

“Os danos causados foram agravados pelos rejeitos tóxicos vindos do rompimento da barragem da Vale S.A, pois com as chuvas, os rejeitos transbordaram do rio. Estamos em risco eminente, tanto que os danos à saúde decorrentes do contato com os rejeitos tóxicos de metais são objeto de discussão do Processo Coletivo em curso, que trata da Reparação Integral dos atingidos pelo rompimento da barragem, com diversos relatos de deterioração da saúde”, relata.

Após diversas reclamações de moradores da região de Ponte Nova, Cidade Nova e Varginha, o prefeito Adônis Pereira visitou as comunidades e atribuiu responsabilidade ao não recolhimento da lama nas ruas à Vale.

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