Mateus Leme 84 anos: cultura, tradição e muitos problemas marcam o dia a dia da cidade

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Mateus Leme completa hoje, 17 de dezembro, 84 anos de emancipação político-administrativa. A cidade que possui, segundo atualização recente do IBGE, 31.364 habitantes, foi desmembrada da Pará de Minas em 1.938, fruto da luta de gerações de seus maiores representantes, sempre apoiados pela população de todas as classes sociais.

O surgimento do povoado que originou o município está ligado, como grande parte dos municípios mineiros, à penetração dos bandeirantes paulistas no interior das Minas Gerais no século XVIII, à procura de ouro e pedras preciosas, aprisionando índios e se apossando das terras.

A mineração nas lavras, que possibilitou a formação desses primeiros núcleos populacionais estáveis constituídos a partir da permanência dessas populações nas regiões das minas, gerou o aumento generalizado do consumo. Esse aumento veio atrair comerciantes para os locais ocupados, pois, uma vez que a região foi configurada como essencialmente exploratória, todos os produtos que eram consumidos por aquela população deveriam vir de fora.

Estes negociantes, ávidos por grandes lucros e que vendiam uma grande variedade de mercadorias, praticamente tudo, começaram a se dirigir para a região de exploração das minas não mais somente de passagem, tipo caixeiro viajante, mas também determinados a se fixar na região e enriquecer às custas do comércio de produtos essenciais necessários aqueles primeiros agrupamentos exploratórios.

Mateus Leme, segundo Waldemar Barbosa foi um bandeirante paulista que percorreu a região de Minas Gerais, e posteriormente seguiu para Bahia combatendo índios ferozes entre 1715 e 1717. No volume XXVI da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros – Ed IBGE, o bandeirante Mateus Leme é citado como o “genro de Borba Gato que desbravou, em meados do século XVIII, as terras onde hoje se localiza o município que tem seu nome” confirmando a informação de Teóphilo de Almeida sobre a região.

Uma carta Sesmaria, do ano de 1710, refere-se ao local (Morro do Mateus Leme), comprovando a sua origem bem remota. Outras fontes documentais, dos anos 1739 e 1745, referem-se ao “Arraial Morro de Mateus Leme”.

Ainda segundo o estudioso Teóphilo de Almeida, encontram-se no Morro de Mateus Leme vestígios de antigos aquedutos e lavrados, iniciados num trabalho vultoso de mineração aurífera no local. Disso, podemos deduzir que a mineração se apresentava muito lucrativa, pois compensava os gastos com obras bastante onerosas.

Apesar destes indícios de riquezas, o arraial do Morro de Mateus Leme atravessa todo o século XVIII sem alcançar foros de freguesia, sendo capela curada de freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral Del Rei. Nessa época estima-se a população de Mateus Leme 2.358 pessoas, segundo um levantamento pastoral (em 1826, de acordo com um mapa estatístico citado por Abílio Barreto, Mateus Leme apresentava 410 fogos e 2.556 almas. Presume-se que a população, com a decadência da exploração aurífera, tenha voltada para outras atividades econômicas como a agricultura e a pecuária.

A freguesia foi criada em 1832, com a denominação de Santo Antônio do Morro de Mateus Leme, tendo como filiais Itatiaiuçu e Patafufo. Em termos administrativos, a população passou por diversas mudanças: tendo pertencido aos municípios de Sabará e Pintagui, foi posteriormente incorporado aos municípios de Pará de Minas, antigo Patafufo (1848), Bonfim (1850) e (1870) e novamente Pará de Minas (1877). A autonomia foi adquirida em 1938, quando foi criado o município.

O povoado que posteriormente daria origem ao atual município de Mateus Leme, foi fundado no início do século XVIII, na premissa que, buscando metais e pedras preciosas, levaria ao deslocamento de todo o eixo econômico brasileiro para Minas Gerais, formando inúmeras novas comunidades.

Com o aumento da produção houve uma grande corrida às minas, o que causou o surgimento de diversos conflitos. Existem referências à participação de moradores da região de Mateus Leme na Guerra dos Emboabas, “primeira manifestação de rebeldia dos que aqui (Brasil) nasceram, com relação aos portugueses, considerados como os de fora”, assim definida por David Carvalho. O conflito que se desenvolveu em Minas Gerais e São Paulo, segundo autor, tem o município de Mateus Leme ligado às suas origens.

Nem só de história vive um povo

Depois de tanta luta, os mateus-lemenses esperam um presente para os 84 anos da cidade, mas ele infelizmente vem em forma de inúmeros problemas, devido ao crescimento desenfreado e irregular do município.

No topo da lista dos “presentes de grego”, está a infraestrutura ou melhor, a falta dela. Os “poeirões” nos bairros sem pavimentação são a principal queixa das comunidades ouvidas pelo Jornal de Juatuba e Mateus Leme. A falta de saneamento na maioria dos bairros, a iluminação deficiente e a insegurança também estão entre as maiores reclamações.

Um caos nos distritos

A situação mais crítica hoje é a do Distrito de Azurita, que ficou completamente devastado após as chuvas do início do ano, inclusive teve uma ponte arrastadas que até hoje não foi reconstruída.

O fato inclusive foi denunciado pela própria vereadora da situação, Adelaide Siqueira, que após ser cobrada pelos moradores só restou chamar atenção do prefeito nas redes sociais. Adelaide mostrou esta semana a situação da ponte inacabada do local, que está precária em meio à lama. Outro problema no local é que o único acesso dos moradores a pé, acabou de ceder nos últimos dias. A situação é esta desde o início do ano.

Em outro vídeo, a mesma vereadora chama a atenção do prefeito para a situação do Distrito de Sítio Novo. De acordo com Adelaide, a comunidade “pede socorro” devido ao péssimo estado de conservação das ruas, que apresentam crateras enormes.

Diversos escândalos

O prefeito Dr. Renilton assumiu a prefeitura em 2020 e de lá pra cá sempre esteve envolvido em inúmeras denúncias que vem somadas às possíveis irregularidades cometidas antes mesmo da eleição, quando começou a ser investigado por abuso de poder econômico e compra de votos.

Logo após assumir, Dr. Renilton se envolveu em um polêmico embate com os vereadores após a compra irregular de uniformes sem autorização do Legislativo e acabou sendo denunciado ao Ministério Público. Na sequência foi denunciado também por uso de equipamentos e servidores públicos em seu sítio particular. Outra polêmica foi o uso de maquinário público em estrada particular para “acertar” a estrada do sítio de um dos seus secretários, o senhor Fabrício Nuno Canguçu, caso que também foi denunciado por populares à Câmara.

As inúmeras denúncias se somam às polêmicas dos contratos com valores bem acima que aqueles já praticados no município, como o de iluminação, os gastos excessivos com festas populares e o aluguel de diversos veículos com preços supostamente superfaturados.

Ponte do Central

Outro tema que está na lista das maiores insatisfações, são as obras mal executadas. Em Mateus Leme, a ponte que liga os bairros Concenza e Central, era um sonho de 30 anos das comunidades que conviviam com a falta de segurança de uma estrutura precária que possibilitava apenas a passagem de um veículo por vez.

Em 2012, a população comemorou a notícia de que a construção da ponte finalmente sairia. Executada entre 2012 a 2014, a construção que custou R$ 230 mil, está abandonada já que uma equipe técnica constatou problemas na execução do projeto. Ou seja, o sonho de três décadas terá que ser demolido e os moradores do Concenza e Central seguem sem ter o problema resolvido.

Faltam creches

Outro “presentão” para os moradores de Mateus Leme é a falta de creches municipais. A cidade só conta com o Educandário São José, única alternativa para as famílias carentes que têm filhos de 0 a 5 anos e a Unidade de Educação Infantil “Dona Carmita”.

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