Mateus Leme participa de exposição “Rumos de Minas” no Palácio das Artes

Vestes e mantos da Cavalhada são os objetos representados na exposição

0
308

Mateus Leme é uma das 50 cidades que está participando da exposição “Rumos de Minas”, que está em cartaz na galeria Mari’Stella Tristão, no Palácio das Artes, na Grande BH.

A mostra, realizada pelo Instituto Periférico e com curadoria de Bellini Andrade, Chico de Paula e Lílian Nunes, traça uma rota passando por 50 cidades mineiras localizadas no circuito “Via da Liberdade” (cidades que integram a rota da BR-040), no intuito de mostrar a mineiridade para além de seus clichês.

A ideia inicial partiu de Bellini, que percorreu por um ano todos os destinos em busca de manifestações culturais e patrimônios imateriais de cada cidade que não fossem conhecidas da maioria dos mineiros. Além de gravar em vídeo essas manifestações, ele reuniu itens de cada uma dessas tradições para serem incorporados ao acervo do Instituto Periférico.

Estão lá peças como os mantos das cavalhadas de Mateus Leme, a viola marchetada de Queluz (antigo nome de Conselheiro Lafaiete), as cachaças produzidas em Coronel Xavier Chaves, as joias de prata produzidas pelos moradores de Santo Antônio do Leite, as vestes da caretagem dos quilombos de Paracatu, entre outros tantos símbolos.

“Isso é um trabalho de educação patrimonial”, diz Bellini. “Estamos falando do pertencimento das pessoas a esses locais e do que tem na cidade delas”, emenda. Bellini, no entanto, não quis recorrer a imagens por demais associadas à mineiridade. Não há na exposição nenhuma referência à arquitetura histórica de Tiradentes, às igrejas barrocas de Ouro Preto e nem aos profetas de Congonhas. Esta última cidade até consta na mostra, mas sob outra perspectiva. “Nós focamos nas quitandas e no chá de Congonha, bem tradicionais na região”, diz o curador.

Representação

 “Rumos de Minas” foi montada a partir de dois grandes núcleos. Um representa o ambiente interno e o outro representa o externo. O interno está ligado à casa, aos fazeres manuais e à cozinha. É nele que estão reunidas as peças mais pessoais.

Já o núcleo externo está ligado com as tradicionais praças das cidades interioranas, manifestações culturais, paisagens arquitetônicas e naturais. A principal instalação é o “Coreto musical”, uma espécie de tubo comprido na vertical feito por fitas coloridas contendo dentro um tambor.

Essas sutilezas do cotidiano, no entanto, podem ser percebidas em detalhes da exposição. No fogão a lenha exposto, o visitante consegue ouvir o crepitar do fogo e, num processo de imaginação e auto sugestão mais profundo, chega até a sentir o cheiro do cafezinho recém-coado.

Espalhados em cima da representação do fogão, estão as goiabadas típicas de São Bartolomeu, o vinho de rosas produzido pelas freiras do Mosteiro de Macaúbas em Santa Luzia e a queca e lamparina, dois produtos de culinária tradicionais de Nova Lima, tombados pelo patrimônio local.

Já no torrador de aço colocado em cima de uma das bocas do fogão está o cuscuz de Padre Viegas, distrito de Mariana. O alimento é tão tradicional no local que, uma vez por ano, é feita a Festa do Cuscuz.

A exposição

De acordo com os curadores responsáveis pela exposição, “Rumos de Minas” é uma obra “sobre mineiridade do ponto de vista da cultura popular, mas de uma forma não clichê”.

A mostra conta ainda com dois jogos para entreter os visitantes: uma adaptação do jogo da memória, em que as cartas são as cidades retratadas na mostra com suas tradições culturais, e um jogo de tabuleiro no qual os visitantes vão passando por todas as 50 cidades retratadas.

O grupo já pensa em fazer mais exposições do tipo, com outras cidades mineiras para os próximos anos, mas ainda não sabe por onde começar. “Minas Gerais tem 853 municípios. Faltam somente 803 para a gente fazer”, brinca um dos curadores.

Exposição com visitação aberta até 21 de maio. Na galeria Mari’Stella Tristão, no Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). De terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h; domingo, das 17h às 21h. Entrada franca. Mais informações pelo site rumosdeminas.com.br.