Mateus Leme realiza primeira exposição cultural de Matriz Africana

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“DOS PÉS AO MUTUÊ: FIRMEZA E FUNDAMENTO”

Mateus Leme vai realizar pela primeira vez a exposição cultural de Matriz Africana: “Dos pés ao mutuê: firmeza e fundamento”, idealizada pelos terreiros Bakise Bantu Kasanje e Bakise Mona Ixi. O evento será no dia 5 de agosto, às 15hs, na antiga estação ferroviária, com temas voltados à Umbanda e ao Candomblé.

A mostra da Umbanda será realizada pelo curador Wellington Castro, conhecido por Tata Ximeango e vai trazer um pouco sobre a cosmovisão da Umbanda, os seus fundamentos e o seu universo simbólico, a partir do culto aos Pretos Velhos, aos Exus e aos Caboclos.

Wellington ressalta que as entidades são espíritos de Luz, que viveram historicamente períodos difíceis no processo de colonização do Brasil, e hoje trabalham em prol da evolução e da caridade.

“Os Pretos Velhos, por exemplo, foram negros escravizados oriundos dos diversos locais da continente africano. Já os Exus, também conhecidos como Povos da Rua, e que na Umbanda se distingue teologicamente do Orixá Exu, são espíritos de pessoas que sempre foram margilizadas pela sociedade ao longo da história brasileira. E os Caboclos correspondem aos povos originários que habitavam as terras que hoje compreendem o nosso país”, explica.

Já a apresentação do Candomblé será exibida pelo curador Marcos Adelino, o Tat’etu Arabomi. Segundo o líder religioso, a mostra vai trazer à tona os fundamentos e o universo simbólico do Candomblé, a partir do culto ao Nkisi, ao Orixá e aos Ancestrais e Encantados.

Ainda segundo o curador, o nome Nkisi refere-se às forças da natureza cultuadas enquanto divindades, ou seja, essas energias são manifestações perfeitas e inequívocas de Nzambi Apongo, o Deus Supremo, de tradição Kongo-Angola.

“Não são elas propriamente deuses, mas diferentes formas com as quais um Deus se manifesta. Esse conceito se aproxima muito da compreensão de Orixá, variando em relação aos cultos, tradições e localização no continente africano, que se centra mais ao Sudoeste da Nigéria, do Benin e do Norte do Togo. Já a compreensão de Encantados descreve encontro dessas divindades africanas com a cultura dos povos originários brasileiros, como Caboclos de Pena, Boiadeiros, dentre outros”, revela.

De acordo com os idealizadores, a expectativa do sucesso do evento é grande entre as comunidades de matriz africana. Espera-se um público de pelo menos 300 pessoas multiplicadoras, que poderão repassar o aprendizado à toda população interessada na cultura religiosa.

 “Vemos com bons olhos a realização da exposição, nossos cultos, tradições e fé, eram desconhecidos. O intuito é levar informação ao máximo de pessoas possível, e amenizar um pouco da intolerância religiosa na cidade, exercida na maioria das vezes pela falta de informação”, finaliza Wellington.