A reunião da Câmara de Juatuba esta semana foi bastante agitada, com direito inclusive a manifestações populares e bate-boca entre representantes de entidade e vereadores.
O que causou a insatisfação dos juatubenses foi a queima de fogos ao fim de um campeonato que ocorreu no município e teve a parceria da Secretaria de Esportes. A situação seria normal em uma comemoração de final de campeonato, se não fosse por uma Lei Municipal de autoria do prefeito Adônis Pereira, aprovada em fevereiro passado.
O projeto de lei proíbe o uso de fogos de artifício que causem poluição sonora, como estouros e estampidos, no município. A proibição é estendida a toda cidade, em recintos fechados e ambientes abertos, em áreas públicas e locais privados.
A justificativa do projeto deixa claro que o interesse é promover a saúde e bem-estar dos animais, já que diversas famílias perderam animais de estimação que morreram por não suportarem o intenso barulho proveniente dos fogos de artifício. Dentre as justificativas está também o incômodo às crianças com autismo e idosos, que são hipersensíveis ao barulho.
Acontece que a medida foi descumprida e autorizada pela própria Secretária de Esportes, Cristiane Campagnani, que é filha do prefeito, autor da lei. Durante a reunião da Câmara, o vereador Messias Leão chamou atenção da secretária, filha do prefeito, e frisou que a legislação deveria ser cumprida à risca por todos. “É uma vergonha que a filha do prefeito desconheça a lei do seu próprio pai”, bradou.
Em coro ao parlamentar, o presidente da Liga Esportiva de Juatuba, Geraldo Ricardo de Lima, esbravejou da galeria, ironizando e afirmando que a legislação infelizmente só serve para os moradores da cidade. “Pelo visto, a lei é somente para a Liga Esportiva e para o futebol amador da cidade. Os forasteiros podem tudo, inclusive com anuência da secretária”, esbravejou.
A avó de uma criança autista do bairro Satélite, ligou para a reportagem e relatou que o neto sofreu muito com a queima de fogos no último final de semana. “É um absurdo, uma secretária não estar por dentro da legislação. Só quem convive com uma criança autista, sabe o quanto essas questões fazem a diferença na família. Para mim, a autorização da secretária, foi no mínimo um desrespeito às crianças autistas”, criticou Joelizia Feitosa.