Polícia Civil abre inquérito para investigar assassinato de mulher na linha férrea

Andreia saiu para o trabalho e foi morta a poucos metros de casa. Familiares não descartam crime de feminicídio

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 A brutalidade do crime que tirou a vida de Andreia Julião de Lima, de 34 anos, chocou moradores de Juatuba e despertou comoção na comunidade. Andreia estava desaparecida desde o dia 8, quando saiu de casa às 5 horas da manhã para ir trabalhar.

Segundo relatos, o crime ocorreu durante o trajeto para o trabalho. O corpo foi encontrado às margens da linha férrea que atravessa o bairro Satélite, onde ela morava, com diversas perfurações de facas.

Fernando dos Reis, pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular, frequentada por Andreia, foi quem liderou as buscas e deu suporte aos filhos da vítima. Segundo ele, ela estava sem bolsa e documentos, e a descrição do crime feita pelo pastor é chocante. “Ela foi morta a cerca de 200 metros de sua casa. Quem fez isso com Andréa tinha muito ódio, pois a atacou violentamente, com facadas e pedradas, arrastando seu corpo e deixando-o caído no barranco próximo à linha férrea”, relata.

Difamação nas Redes Sociais

Amigos e familiares estão indignados com registros que circulam nas redes sociais e afirmam que as imagens não são de Andreia. Posts e vídeos mostram uma mulher vestindo calça jeans e o dorso exposto, com marcas de violência.  No local, há garrafas de bebida, copos e cigarros, sugerindo um encontro na noite anterior ao crime, com a presença de mais pessoas.

No entanto, os familiares protestam, alegando que as imagens são de outra pessoa. “Ela era uma mulher trabalhadora e correta e não é a pessoa nessas fotos, com calça jeans desfiada. Estamos aqui para defender a imagem de Andreia e lutar por justiça”, afirma Joelisia, vizinha de Andreia e coordenadora do Movimento Atingidos por Barragens (MAB).

O Pastor Fernando também corrobora com a afirmação, enfatizando que ela era uma mulher de valor e que as imagens nas redes sociais não condizem com sua vida e caráter. “Andreia era uma mulher que educou muito bem os quatro filhos sozinha. Trabalhava muito e saía de casa às cinco e meia e retornava às 17. Sempre de casa para o serviço ou de casa para a igreja. Não se envolvia em confusão, não tinha vício e nem inimizades”, afirma.

Suspeita de feminicídio

Pessoas próximas à vítima acreditam que o crime seja feminicídio. “Não podemos afirmar, porém está sendo feita a investigação pela polícia”, conta Joelisia.

A irmã da vítima, Adriana Julião, também acredita nessa hipótese. Ela diz que a vítima era divorciada há sete anos e estava há oito meses em um relacionamento. No entanto, ela relata que dez dias antes do crime, o relacionamento havia sido descoberto pelo ex-marido, que é vizinho de Andreia. “Quando nós descobrimos que ela estava desaparecida, foi que eu juntei os pontos. É muita coincidência ela desaparecer pouco tempo depois de meu ex-cunhado ficar sabendo que ela estava namorando”, disse Adriana Julião a nossa reportagem.

Mobilização por Justiça

“Enquanto esse crime não for desvendado, ninguém tem tranquilidade, porque ainda não se sabe a motivação e quem causou esta morte brutal”. Joelísia diz que “as mulheres do bairro estão amedrontadas, com medo de sair de casa e estão ficando de portas fechadas”.

O crime mobilizou não apenas familiares e amigos, mas também os movimentos ligados a mulheres que estão pressionando as autoridades. “O Movimento Atingidos por Barragens está se mobilizando para garantir que as investigações ocorram de maneira célere e eficaz, envolvendo todas as instituições pertinentes e garantindo a punição exemplar dos responsáveis pelo crime”, explica Joelisia.

Além de uma reunião com o promotor, o movimento pretende formar um grupo de mulheres e pessoas ligadas à vítima para pressionar as investigações. “Ações de prevenção e combate à violência contra a mulher e um abaixo-assinado na cidade também serão realizados para garantir a punição exemplar desse crime horroroso contra uma mulher trabalhadora e mãe de família”, declara Joelísia.

Até o momento, as autoridades policiais não forneceram informações sobre o andamento das investigações. A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar de Juatuba que informou “não estar autorizada a prestar informações sobre o caso no momento”. A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o assassinato.