Racismo estrutural no Brasil pode ser comprovado nos números da pesquisa do IBGE

No quesito desemprego, em 2021, pessoas brancas representaram 11,3% dos desocupados, enquanto pretos, 16,5%, e pardos, 16,2%

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No mês da Consciência Negra as discussões sobre o racismo, as desigualdades por causa da cor e o preconceito étnico-raciais estão em evidência mostrando números e situações que precisam continuar sendo pontuados pelos brasileiros. Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostra que as pessoas brancas têm um rendimento mensal quase duas vezes maior do que as negras. No ano passado, enquanto a média foi de R$ 3.099 para brancos, foi de R$ 1.764 para pretos e R$ 1.810 para pardos.

No caso do rendimento por hora entre as pessoas ocupadas, o valor foi de R$ 19 para brancos, R$ 10,90 para pretos e R$ 11,30 para pardos.

De acordo com o IBGE, as disparidades de rendimentos do trabalho, sob a ótica da cor ou raça, estão presentes em todos os níveis de instrução. Com ensino superior completo ou mais, as pessoas brancas ganharam, em média, 50% a mais do que as de cor ou raça preta e cerca de 40% a mais do que as pardas. A desigualdade também é observada no rendimento médio domiciliar per capita, de R$ 1.866 para brancos, R$ 965 para pretos e R$ 945 para pardos. Os estados de Roraima e Rio de Janeiro registraram a maior diferença nessa categoria, sendo que pretos e pardos tiveram ganhos per capita 45,1% e 46,3% menores do que brancos.

Mais desigualdades por causa da cor

Em relação à pobreza, com base nos patamares usados pelo Banco Mundial, considerando ganhos de US$ 5,50 diários, a taxa é de 18,6% entre brancos contra 34,5% entre pretos e R$ 38,4% entre pardos. Já na faixa abaixo da linha da pobreza, de US$ 1,90 diários, são apenas 5% de brancos contra 9% de pretos e 11,4% de pardos.

O mercado de trabalho também reproduz desigualdade e,  ainda de acordo com a pesquisa “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil”, o IBGE também apresentou um balanço desse setor em 2021. No quesito desemprego, as pessoas brancas representaram 11,3% dos desocupados, enquanto pretos, 16,5%, e pardos, 16,2%.

Em relação à informalidade, 32,7% dos ocupados brancos estavam em cargos informais, enquanto esse índice era de 43,4% entre pretos e 47% entre pardos. Nas regiões Norte e Nordeste, as taxas dos dois últimos grupos se aproximaram dos 60%.

A pesquisa também indica uma disparidade no quesito de cargos ocupados. “A população ocupada preta ou parda, apesar de estimada como maioria em 2021, 53,8%, estava presente apenas em 29,5% dos cargos gerenciais ocupados em 2021. Já a população ocupada branca, 45,2% do total, estava presente em 69,0% desses cargos”, aponta.

As informações revelam que quanto mais elevado o rendimento, menor foi a proporção de pretos e pardos nas funções de gestão. No maior rendimento, somente 14,6% eram ocupados por pretos e pardos, enquanto 84,4% por brancos.

“Mesmo com a implementação de programas de transferência de renda, a exemplo do Auxílio Brasil e, mais recentemente, dos programas emergenciais adotados em 2020, como o Auxílio Emergencial, bem como das políticas públicas voltadas à ampliação do acesso desta população a bens e serviços acima referidos, os maiores impactos sobre a população preta ou parda, por exemplo, não foram capazes de reverter as históricas desigualdades que mantém sua situação de maior vulnerabilidade socioeconômica”, avalia o IBGE.

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