Secretária acusa cidadãos de “roubarem documentos públicos do Centro Administrativo”

Lideranças afirmam que “gestora da pasta do Meio Ambiente terá que comprovar extravio de documentos, já que eles não trabalham na secretaria e sequer tiveram acesso físico aos documentos”

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Olho: “Juatuba virou casa de mãe Joana, terra de ninguém, um desgoverno total. Estamos a Deus dará, é uma palhaçada atrás da outra. Estamos precisando da justiça”, afirma Helena.

Recentemente, lideranças comunitárias e moradores do bairro Jardim Baviera denunciaram a prefeitura de Juatuba após a pasta de Meio Ambiente autorizar um empreendimento imobiliário abrir novas vias na região para a comercialização de loteamentos. De acordo com os moradores, a empresa J Lemara Empreendimentos e Construções LTDA, responsável pelo loteamento, fez a abertura de ruas no local, “retirando terra e soterrando uma nascente de água”.

O mais grave, segundo os moradores, é que a empresa foi amparada pela prefeitura, já que a Secretária de Infraestrutura, Maísa Aquino, assinou um termo para a empresa no dia 29 de novembro de 2022, autorizando a realização das obras no local, sem ao menos verificar junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, se havia uma mina ou nascente d`água.

Na época da denúncia, os moradores apresentaram à reportagem do Jornal de Juatuba e Mateus Leme e também divulgaram nas redes sociais um documento, onde a prefeitura autorizava a empresa a realizar intervenções no local. Os denunciantes afirmaram ainda que conseguiram a cópia dos documentos junto à J Lemara.

Meses após a denúncia, e sob pressão da Superintendência Regional de Meio Ambiente, a chefe da pasta de meio Ambiente no município, afirmou que os documentos foram furtados na sede da secretaria. A secretária foi além, acusando populares de terem subtraído os documentos públicos.

“Me senti humilhada”

A primeira a denunciar o fato à reportagem foi a senhora Helena Maria da Silva, que encaminhou a cópia de uma intimação da Polícia Civil ao Jornal de Juatuba e Mateus Leme, mostrando que ela estava sendo acusada pela secretária de ter roubado os documentos do Centro Administrativo.

“Eu sinceramente estou me sentindo humilhada e caluniada. Fomos todos enquadrados no Artigo 312, que prevê crime de peculato receptação, subtração e roubo de documento público. Foi instaurado inquérito e fomos intimados a depor. A Secretária de Meio Ambiente de Juatuba nos acusou de ter roubado um documento público de sua mesa. Mas como isso é possível se nem fomos lá e tampouco trabalhamos na prefeitura”, desabafa.

“Juatuba virou casa de mãe Joana, é uma terra de ninguém, um desgoverno total. Estamos a Deus dará e é uma palhaçada atrás da outra. Estamos precisando da justiça e da atuação da Polícia Federal”, afirma Helena.

“Empresa repassou cópia”

De acordo com o popular Toninho, as lideranças divulgaram o material nos grupos de WhatsApp na época em que foi denunciado o fato. “A Secretária viu que começamos a criticar a invasão e o aterramento das nascentes e ela simplesmente disse que os documentos sumiram. Na sequência, cerca de seis pessoas foram intimadas, mas chegando lá, nós identificamos que a cópia do documento havia sido repassada para a presidente da associação do bairro Braúnas pela própria empresa”, explica.

Toninho afirma ainda, que após identificada a falsa comunicação de crime, que as lideranças irão acionar a atual Secretária, Lorena Martins na justiça, por injúria.

“Eu não sei o porquê disso e o pior é que um cidadão comum não pode responder pelo artigo 312 do Código do Penal, já que ele é específico ao servidor público, algo que nenhum de nós somos. Eles esqueceram que a empresa tem cópia de toda documentação. Por isso estamos entrando na justiça”.

“Não vamos desistir da luta”

A presidente da Associação do bairro Jardins da Baviera, Arlete Rodrigues Caldeira, afirma que mesmo após a pressão e a falsa acusação da secretária, as lideranças do bairro e da região, não desistirão da luta.

“Prestei depoimento e informei que as cópias foram repassadas por profissionais da própria J Lemara e que desconhecia qualquer furto. Não vamos desistir dessa luta pela região e tampouco deixar de denunciar o que consideramos estar errado; é nosso direito e dever de cidadão”, finaliza.

Reincidência na “censura e perseguição”

Essa não é a primeira vez que secretários do alto escalão do governo Adônis denunciam populares. A própria Helena Maria da Silva, foi processada por calúnia, difamação e ameaça, após publicar em seu Facebook relato sobre a falta de assistência na Saúde Municipal, e sobre a falta de atendimento na Policlínica.

Raimunda Nogueira de Oliveira, conhecida carinhosamente como “Dona Fia”, procurou a reportagem em julho e contou que mora ao lado da creche Arlete Oliveira Duarte Saraiva, e que constantemente ouvia choros agonizantes de uma criança. Preocupada, foi até as dependências do educandário para saber o que estava ocorrendo. Quando adentrou ao local, Dona Fia alega que uma das professoras da unidade a levou até a diretoria e depois até o berçário onde a criança estava chorando. 

Ao notar que a criança havia parado de chorar no momento da visita, dona Fia foi embora, mas foi abordada pela Polícia Militar. Os militares alegaram que ela havia sido denunciada por invadir a creche sem permissão e dona Fia ficou detida na delegacia, segundo ela, por “cerca de seis horas”.

Em um boletim de ocorrência, a Secretária de Educação, Denise Reis Navarro, alegou que a senhora estaria atentando contra serviços de utilidade pública”. Já na versão das professoras, dona Fia “invadiu o educandário”, estando bem alterada.

Ao Jornal de Juatuba e Mateus Leme, dona Fia disse que teve seus direitos violados, foi constrangida e coagida, simplesmente por tentar fiscalizar atos públicos em uma instituição municipal.