Por ser um dos municípios afetados pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, Juatuba terá direito de receber R$ 116 milhões para a realização de obras que serão definidas pela Assessoria Técnica da Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (AEDAS). A entidade já propôs 44 projetos, principalmente de ampliação, manutenção e desenvolvimento do saneamento básico na cidade.
Mas o que era para ser motivo de comemoração, tem se transformado em discórdia e descontentamento da população que foi diretamente impactada com o desastre ambiental. Conforme prometido pelo prefeito Adônis Pereira, em audiência pública, os setores de Meio Ambiente, Infraestrutura, Educação e Saúde da prefeitura deveriam abrir canais de comunicação com os representantes dos atingidos, mas eles alegam que apenas a ex-secretária de Meio Ambiente, Josiane Pimenta, dialogou com as comissões e acolheu algumas reivindicações.
Segundo a coordenadora da Comissão dos Atingidos do Satélite, Joelízia Feitosa, se não bastassem as constantes negativas do prefeito e dos secretários, em ouvir os atingidos, nesta semana o tema teve um novo e surpreendente capítulo: a secretária de Saúde, Amélia Augusta, colocou em xeque a legitimidade das comissões.
“Durante reunião, a secretária questionou a legitimidade das comissões, não se atendo ao fato de que elas foram criadas em fevereiro de 2019 por determinação do Ministério Público. Essas comissões carregam o legado de luta e trabalho, no decorrer dos últimos anos e, além disso, temos respaldo legal. Não cabe à prefeitura ou à secretária questionar essa legalidade”, revelou.
Para Joelízia, a administração tem tentado desqualificar o trabalho das comissões junto à comunidade já que, segundo ela, a Secretária chegou a afirmar que visitou algumas comunidades e que as pessoas têm questionado a legitimidade dos representantes dos atingidos.
“Percebemos que a prefeitura quer investir apenas na construção do hospital, obra que já deixamos claro que não somos contrários. Porém, nossa prioridade é contemplar as prioridades dos atingidos com ações na saúde, assistência social, meio ambiente, educação e infraestrutura”, afirmou a integrante do movimento.
Novo encontro
Segundo Joelízia, Amélia Augusta ficou de reapresentar os projetos à comissão em uma próxima reunião, mas os atingidos pela tragédia de Vale, em Juatuba, estão apreensivos. “Estamos preocupados, pois tivemos notícia que servidores da prefeitura estão tentando personificar nosso movimento. Não temos apenas uma liderança, todos nós somos lideranças em defesa dos atingidos”, disse. A representante da comissão afirmou que a secretaria disse que a comissão está tentando viabilizar propostas “de coisas que não têm necessidade de serem feitas”, o que não é verdade.
“Na realidade, os projetos que apresentamos estão voltados para a saúde, assistência técnica e extensão rural; combate à contaminação de áreas sujeitas a alagamento, além de diagnóstico da qualidade do solo nas áreas afetadas pelo rompimento da barragem. Nossas propostas ainda pedem a promoção do trabalho, emprego e renda; a oferta de cursos técnicos profissionalizantes em nível médio e superior, além da ampliação da oferta de ensino médio, educação de jovens e adultos, além da construção de creches.
Prefeitos apoiam construção do Hospital
A construção de uma unidade de saúde no prédio que abrigaria o Hospital do Câncer, na BR 262, em Juatuba, foi uma das pautas de uma reunião dos prefeitos dos municípios atingidos pelo rompimento da barragem da empresa Vale em Brumadinho.
Os gestores concordaram que o hospital vai sanar a demanda por serviços de saúde da população local e regional. “Os deslocamentos de cidadãos para atendimentos médicos na Capital Mineira são muito onerosos e demorados, principalmente em horários de grande fluxo. Um hospital em Juatuba vai trazer enormes benefícios para todas as cidades vizinhas”, reafirmou Adônis.
Outro encontro
Esta semana, a comissão de gestores municipais que representam os prefeitos do Vale do Paraopeba atingidos pela tragédia da Vale, se reuniu com a Secretária de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, Luísa Cardoso Barreto e a Secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Carvalho de Melo para discutir os prazos e detalhes técnicos sobre as futuras medidas compensatórias para os municípios. A comissão de prefeitos é composta por Adônis, Adair Divino da Silva, de Três Marias, Elias Diniz, de Pará de Minas e Mário Reis, da cidade de Papagaios.