Sem solução, catadores de Mateus Leme estão passando dificuldades financeiras e até fome

Lideranças denunciam que prefeitura “paga mais de R$1 milhão à empresa de Coronel Fabriciano apenas para aterra o lixo”

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Em meio a reuniões sem propósito, distribuição de poucas cestas básicas e muitas promessas, nada mudou. Os catadores de recicláveis do aterro do Distrito de Azurita, estão há dois meses sem a principal fonte de renda, e segundo alguns deles, a dificuldade é tanta que há famílias até passando fome, após terem sido forçadas a deixar de vez o depósito de lixo, devido ao tráfego intenso de maquinário e caminhões no local.

Para demonstrar a insatisfação dos catadores, o cidadão Vanderlei Dallas se pronunciou na tribuna da Câmara nesta semana, relatando que a reunião que a prefeitura realizou de nada resolveu para a categoria.

“Eles ofereceram trabalho em empresas, que em sua maioria não aprovarão essas pessoas nos processos seletivos, porque muitas delas não têm instrução. Até distribuíram uma cesta básica para alguns, mas o benefício não é permanente. O que me deixa triste e revoltado é que tem gente passando até fome. São dois meses que essas pessoas estão sem trabalhar”, denuncia.

Ao denunciar a inércia da prefeitura frente ao problema, Vanderlei disse que a situação também é responsabilidade dos vereadores, “que devem cobrar iniciativas para ajudar definitivamente os catadores de recicláveis”.

“Uma das reivindicações da categoria é a construção de um galpão próximo ao aterro para que os catadores façam a separação do lixo, antes dele ser aterrado. Sem exposição, sem risco e com a possibilidade de instituir no município até um modelo de coleta seletiva mais adiante”, explicou.

Após pronunciamento do líder comunitário, a vereadora Irene de Oliveira ressaltou que a Câmara está atenta à situação, bem como vigilante e atuante. “Através da Comissão de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural, Científico e do Meio Ambiente, composta por mim e pelos vereadores Guilherme do Depósito e Wellington Batata, encaminhamos um requerimento solicitando explicações acerca das intervenções no aterro”, revelou.

Segundo a vereadora, o documento questiona qual o nome da empresa, contrato social e quem é o gerente administrador da usina que realizará o beneficiamento do lixo.

“Cobramos também respostas acerca da localização da sede da empresa, além de documento de propriedade do imóvel. Foi questionado ainda quem foi o responsável pela liberação de alvará para a empresa e as respectivas autorizações da pasta de Meio Ambiente do município”.

Dentre as indagações, a Comissão quer saber ainda quantas pessoas trabalham no lixão de Azurita e se existe algum planejamento da prefeitura para amparar esses trabalhadores. Por fim, os parlamentares cobraram o documento celebrado entre o município e a Ascaleme, envolvendo catadores e maquinários.

“Infelizmente já se passaram dois meses e o prefeito sequer respondeu a qualquer um dos questionamentos. Tenham firme certeza de que não iremos sossegar enquanto essa situação não for resolvida”, finalizou.

Promessa

O líder do prefeito, o vereador José Ronaldo pontuou que o prefeito pretende propor um projeto para a doação de um terreno para a Ascaleme, bem como “já negociou a construção de um galpão para seleção dos recicláveis com recursos da VALE”.

Vereador diz que operação no aterro “tem relação com supostas irregularidades investigadas pelo MP”

Em julho, o Jornal de Juatuba e Mateus Leme trouxe uma reportagem sobre uma notificação do Ministério Público ao prefeito Dr. Renilton Coelho, a respeito da denúncia de vários crimes, entre eles formação de quadrilha, corrupção e recebimento de propina.

De acordo com a investigação, estava sendo apurada a prática dos delitos de corrupção passiva, fraude em licitações e desvio de dinheiro público. No documento, entre os envolvidos, são citados como supostos participantes do “esquema de fraude e propina” a empresa Agás Distribuidora de Oxigênio de Itaúna e também a Cooperativa Sudeste de Transporte.

A investigação diz respeito também à contratação de uma empresa laranja e nomeação da servidora Fernanda Dias Becalli, para cargo público diverso daquele para o qual ela teria sido aprovada em concurso público.

A investigação apura ainda pagamentos às empresas “Time Transportes” e “Reistec Assistência Técnica de Aparelhos Odontológicos”, por serviços supostamente não prestados.

Após as inúmeras denúncias das lideranças na tribuna, o vereador Aldair Guimarães ressaltou novamente a importância da abertura de uma CPI pela Câmara para apurar os fatos que estão sendo investigados. De acordo com o parlamentar, o assunto do aterro pode estar relacionado à investigação do Ministério Público, já que possivelmente “é apurado também, um esquema de cobrança de propina para concessão de licenças e alvarás sanitários. O que segundo o vereador “supostamente pode ter sido feito no aterro”.