Um ano após a eleição, candidatos fazem balanço de mandatos e afirmam que “eleitos não os representam”

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Em novembro de 2020 aconteceram as eleições municipais e, cercados de incertezas, os moradores de Juatuba e Mateus Leme foram às urnas para escolher prefeito, vice-prefeito e vereadores. Em Juatuba, quatro cidadãos disputaram os votos dos eleitores com os olhos voltados para a Prefeitura. Eram eles: Adônis Pereira (PATRIOTA), Otto Faleiro (PDT), Wellington Pinheiro (PMN) e Mestre Israel (PSC). Também, 115 outros candidatos pleiteavam uma das nove cadeiras na Câmara Municipal. 

Adônis Pereira foi reeleito em Juatuba com 8.949 votos, representando 59,62% dos eleitores. No legislativo, dos nove vereadores, seis concorreram à reeleição e apenas quatro conseguiram voltar. 

De lá para cá, em menos de um ano da posse dos eleitos, que aconteceu em 1º de janeiro deste ano, muitas mudanças aconteceram na Câmara, inclusive com substituição de dois vereadores: com o falecimento de Cidinho (PDT), o suplente Laécio do Silvestre assumiu e, logo na sequência passou a integrar o governo, assumindo a pasta do Meio Ambiente, deixando a cadeira para Fernando da Autoescola.

O Jornal de Juatuba e Mateus Leme tentou contato com o prefeito Adônis Pereira, de forma insistente, para que ele fizesse um balanço desse primeiro ano do segundo mandato, mas até o fechamento desta edição, o gestor não respondeu a reportagem. Outro candidato que não quis se manifestar foi Otto Faleiro, que recebeu 4.072 votos (27,13%) e foi o segundo colocado no pleito. 

“Velhas práticas políticas, privilégios e ausência de responsabilidade com o dinheiro público”

Wellington Pinheiro respondeu às questões formuladas pelo Jornal de Juatuba e Mateus Leme sobre a campanha eleitoral, o que ficou da experiência e sua avaliação acerca dos eleitos. O ex-vereador disse que atualmente trabalha como Técnico em Meio Ambiente e revelou que a disputa representou um grande desafio pessoal e uma “experiência de vida marcante”, já que teve a oportunidade de debater ideias e construir amizades durante a campanha. “Destaco como maior aprendizado, a importância de um planejamento político consistente. Portanto, hoje, após a experiência, seria algo que faríamos melhor”, pontua.

No que diz respeito aos eleitos, Wellington reconhece algumas ações, no entanto, aponta que elas estão muito aquém do que a cidade precisa. “Infelizmente ainda percebo velhas práticas políticas, privilégios e ausência de responsabilidade com o dinheiro público. Acredito e desejo que um dia isso possa mudar”, finaliza. 

Mestre Israel diz que Adônis não o representa

Mestre Israel é pastor, policial penal, diretor de logística, professor e mestre de capoeira e artes marciais. Foi candidato a prefeito e relembra que a campanha foi um grande aprendizado e que mesmo sem recursos, não se vendeu ou corrompeu e foi até o final. “Tudo valeu a pena e, sem dúvidas, faria tudo de novo. Vamos disputar quantas vezes for preciso.  A cidade precisa de um novo modelo de gestão que não esteja presente só na época das eleições.  Ganham com o povo daqui, mas governam com as pessoas de fora. Não honram a palavra nem os compromissos. Não me representam”, afirmou.

Eleição acirrada, denúncias e muitas críticas em Mateus Leme

Em Mateus Leme foram quatro concorrentes ao executivo: Renilton Coelho (Republicanos), Júlio Fares (PP), Marlon Guimarães (PDT) e Ronaldo Moreira (PMN). Outros 199 candidatos disputavam uma das onze cadeiras na Câmara Municipal. 

O médico Renilton Coelho foi eleito em Mateus Leme, em uma disputa acirrada contra o candidato à reeleição, Júlio Fares. Renilton teve 7.462 votos, representando 42,40%, contra 7.134 votos de Júlio, que obteve 40,53% dos votos válidos. 

No legislativo, dos nove vereadores, quatro concorreram à reeleição e todos conseguiram voltar. A única mudança na Câmara, foi em decorrência do falecimento da vereadora eleita, Renata da Assistência Social (PV). No lugar dela, a suplente Adelaide Siqueira assumiu. 

Mesmo antes de assumir, as denúncias e os vários procedimentos de investigação instaurados contra a chapa de Dr. Renilton, indicavam suspeita de compra de votos e abuso do poder econômico. 

Já na cadeira de prefeito, os embates com a justiça não cessaram e Dr. Renilton se tornou alvo de uma série de acusações. Os casos mais emblemáticos são relativos à compra de uniformes escolares e o uso de máquinas, funcionários e veículos públicos em benefício próprio.

A reportagem também tentou contato com o prefeito Renilton Coelho diversas vezes, para que ele emitisse sua impressão sobre seu primeiro ano de mandato, no entanto, ele não respondeu nossas solicitações. Em uma das tentativas, encaminhamos as perguntas à Assessoria de Comunicação, que chegou a responder reportagem, perguntando “para qual jornal seria a entrevista”, e quando respondemos, não obtivemos mais retorno.

Outro candidato que não quis se manifestar foi o ex-prefeito Marlon Guimarães, terceiro colocado nas urnas, com 2.283 votos (12,97%). Nos últimos dias ele tem sido alvo de comentários, montagens e críticas nas redes sociais que afirmam que ele “estaria fazendo uma aliança com Dr. Renilton e que, ele seria o candidato da atual administração no caso da cassação da chapa de Renilton Coelho. Muitas postagens afirmam que, caso a justiça afaste Dr. Renilton, Marlon disputaria as eleições suplementares com o apoio do médico”.

“Promessas, marketing e publicidade, sem ações efetivas para melhorar a vida da população”

Em conversa com o Jornal de Juatuba e Mateus Leme, o ex-prefeito Júlio Fares confirmou que faria a campanha da mesma forma e novamente trataria a população com honestidade, idoneidade e com transparência. “Sem enganar e mentir” para os cidadãos, para ganhar uma eleição. “Tenho a tranquilidade em dizer, com toda certeza, que fiz a campanha da forma correta e dentro da legislação eleitoral, sem comprar votos e cometer crimes. Essa gestão não me representa de forma alguma e está longe de representar. Estou muito preocupado com a situação na qual Mateus Leme se encontra. Vemos um desgoverno com contratações de valores absurdos, muita conversa, promessa, marketing, publicidade e nenhuma ação efetiva para auxiliar na melhoria da qualidade de vida da população. Estamos vendo nossa cidade andar para trás”. 

“Equipe de incompetentes, farristas que só olha para eles mesmos”

O empresário do ramo de combustíveis, máquinas e equipamentos Ronaldo Moreira, que também se candidatou a prefeito de Mateus Leme, frisa que faria tudo novamente, e que tem a pretensão de concorrer novamente em 2024. “Esse governo não me representa, é uma equipe de incompetentes, farristas que só olha para eles mesmos, esquecendo do povo”, diz.

Ronaldo destaca ainda que a população deveria ter um pouco mais de conhecimento de quem eles colocam para administrar uma cidade tão importante, que é cortada por duas rodovias duplicadas e uma ferrovia, recebendo todo aporte para o desenvolvimento. “Essa administração não se preocupa com quem mora nos bairros. É muita festa, farra e churrasco. O dinheiro é deles, mas somos nós que pagamos os altos salários. O governo atual trouxe uma verdadeira regressão para Mateus Leme, não respeitando nem o legislativo”, opina.

Ronaldo que também é estudante de Direito, revela que o atual governo foi uma decepção para muitos eleitores e critica que alguns vereadores têm pecado. “Outra decepção são alguns parlamentares que votam contra o povo, que se aliam com o prefeito em troca de benefícios próprios. Isso é um absurdo, não é legislar e muito menos fiscalizar”, finaliza.

Enquete aponta opinião dividida entre os internautas

Esta semana, o Jornal de Juatuba e Mateus Leme realizou enquete questionando a população sobre a primeira impressão de um ano do governo dos prefeitos Adônis Pereira e Renilton Coelho. Os internautas deveriam expressar sua opinião através das seguintes opções: “Ótimo/Bom; regular; ruim/Péssimo ou Não sei”. 

Os números de Juatuba nos Stories apontam que 20 pessoas consideraram o governo de Adônis como “ruim/péssimo”, 30 como “regular”, 21 como “ótimo ou bom” e 12 não souberam opinar. 

Em Mateus Leme, 15 pessoas consideraram a administração de Dr. Renilton como “ruim/péssima”, 20 como “regular”, 20 como “ótima/boa” e outras 20 “não souberam opinar”.

Já os comentários nas publicações consideram que os municípios “vivem seus piores momentos” e foram sinalizadas reclamações de ruas sem condições de tráfego, falta de infraestrutura e ausência de cumprimento das promessas de campanha. Mateus Leme se destacou nos comentários, com destaques para as supostas irregularidades e denúncias contra a atual administração.

Os votos na enquete realizada pelo Jornal de Juatuba e Mateus Leme, refletem apenas a opinião dos seguidores do portal na rede social e não há controle dos perfis que respondem. Vale lembrar que pesquisas de opinião pública de institutos, por outro lado, seguem uma metodologia científica que permite selecionar um grupo de pessoas que representa o todo de um município, ainda que em menor número.  

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