Escola Joaquim Corrêa fica fora do JEMG e diretora denuncia “incompetência da Secretaria do Esporte”

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A reunião da Câmara desta semana também foi palco de uma denúncia que tem indignado Juatuba, principalmente pais e alunos da Escola Joaquim Corrêa. A diretora da instituição de ensino, Polyanna Mendanha discursou na tribuna do Legislativo e literalmente “lavou a alma dos adolescentes” que foram prejudicados diante da omissão da Secretaria de Esportes que não inscreveu a escola em duas categorias esportivas: handebol e basquete, impedindo que os jovens possam disputar da etapa microrregional do torneio.

Início do pesadelo

Na etapa microrregional do JEMG, participam os estudantes-atletas das modalidades coletivas basquetebol, futsal, handebol e voleibol e da modalidade de xadrez, em dois módulos, nos naipes masculino e feminino. Os campeões de cada modalidade coletiva e os quatro primeiros colocados do xadrez se classificam para a etapa regional.

Com um histórico de participação em competições de mais de dez anos e sempre com alto rendimento, a trajetória esportiva da escola nos Jogos Estudantis do Estado foi interrompida e, segundo a diretora “dessa vez, a história do Joaquim Corrêa nos jogos foi boicotada”.

Polyanna conta que descobriu que a inscrição da escola não havia sido feita após uma reunião técnica em Igarapé, cidade que vai abrigar a etapa microrregional, para determinar as chaves de cada modalidades.

Após ser informada de que a equipe de handebol não estava inscrita nos jogos, Polyanna diz que tentou reverter a situação, entrando em contato com a Federação de Esportes Estudantis de Minas Gerais e com o município”, sendo informada por um servidor da pasta, que “alegou ser um impedimento para a participação pontual do handebol”.

Porém, de acordo com Polyanna, ao longo do dia, mais revelações surgiram: não apenas o handebol, mas também a equipe de basquete, não estava inscrita nos jogos. “Começamos, então, uma corrida em busca de apoio para entender o que estava acontecendo e pudéssemos reverter a situação junto à Superintendência Regional de Ensino.

Polyanna contou que foi pessoalmente, em duas ocasiões, até a Secretaria Municipal de Esportes em busca de respostas da gestora Cristiane Campagnani e não a encontrou. Relatou também que um servidor da pasta de Esportes deixou um ofício na secretaria da escola Joaquim Corrêa, às 13h31 e afirmou, via WhatsApp, que a Secretária Cristiane não estava trabalhando.

Na terceira tentativa, Polyanna se dirigiu, à Secretaria de Esportes por volta das 7h, mas a sede estava fechada. Segundo ela, “apesar do horário de atendimento ser das 8h às 16h, ela havia sido informada por servidores da própria secretaria, que haveria servidor na repartição a partir das 7h.

Sem dar trégua nas tentativas de reverter a participação da escola nos JEMGs, Polyanna diz que, por telefone, obteve uma nova promessa de um servidor da pasta que teria dito que a Secretária estava tomando providências. “Porém, isso não aconteceu, pois descobrimos que, até então, ninguém havia entrado em contato com Federação de Esportes Estudantis de Minas Gerais”.

Indignada, Polyanna voltou à secretaria, onde gravou um vídeo documentando sua frustração. Ela conta que, novamente a gestora da pasta não estava e que foi atendida por uma servidora que teria se identificado como “Patrícia, responsável pelo setor da Cultura”. “Fui informada que a secretaria Cristiane estava ausente por motivos pessoais, mas o servidor que também estava tratando do assunto, estava em Belo Horizonte a serviço da pasta, resolvendo questões da secretaria. “Logo me enchi de esperanças, pois se havia um servidor da pasta em Belo Horizonte a serviço da secretaria, trabalhando pelo município, no carro e com o motorista do município, ele deveria estar resolvendo a demanda da nossa escola. Porém, ele não foi à Federação para resolver o problema que eles mesmo provocaram”, afirma.

Reunião desastrosa

Polyanna relata que após várias tentativas frustradas, a Secretária de Esportes resolveu atender representantes da escola. “Porém, a reação da secretária ao ver uma comissão de quatro pessoas, formada por mim e representantes de pais e alunos, já deu o tom do que seria o encontro. Cristiane se recusou a nos atender, alegando que só conversaria comigo. Mas, cabe à secretária fazer distinção de quem ela atende, enquanto gestora da pasta? A meu ver, não. Aliás, esse é um dos princípios da administração pública”.

O encontro com a secretária da pasta de esportes não avançou na resolução do problema.

Segundo Polyanna, a justificativa da Secretaria que havia sido enviada por ofício, sobre a impossibilidade de efetivar a inscrição, foi devido a um pico de energia que ocorreu no momento em que o servidor estava realizando a inscrição. Não explicaram, porém, porque não procederam a inscrição nos 31 dias que a Federação disponibilizou aos municípios para inscreverem seus alunos.

“Também descobrimos que as inscrições da modalidade de handebol, tanto o módulo 1 (que estava sendo disputado por uma escola municipal) quanto o módulo 2 (que estava sendo disputada pelo Joaquim Corrêa), apesar de serem feitas na mesma aba do site, teve apenas inscrição do módulo 1 da rede municipal efetivada, deixando a Joaquim Corrêa, que é estadual, de fora. Essa constatação, reforçou na direção do educandário o sentimento de boicote e descaso, evidenciando uma briga de holofotes nas atividades desenvolvidas sob a gestão do município, em oposição à do estado.

Em seu relato na Câmara Municipal, a diretora afirma que durante a conversa com Cristiane ouviu respostas inconsistentes que demonstraram o desinteresse da Secretaria em assumir a culpa pelo acontecido e resolver o problema. Polyanna relatou ainda que a secretária teria dito “eu não faço milagre. A falha poderia ter acontecido com qualquer pessoa” e que não podia fazer nada.

“Diante desta resposta, não tive outra, senão apontar a falta de competência dela e dos assessores da pasta que não cumpriram seu dever. Não estamos pedindo milagres, estamos pedindo o direito que foi cerceado pela incompetência”, desabafou.

Presidente da Câmara pede a exoneração da secretária

Após o apelo da diretora Polyanna para que os parlamentares possam intervir, os vereadores manifestaram apoio unânime à escola. O presidente da casa, Laécio do Silvestre argumentou que quando a administração nomeia alguém para gerir uma pasta, pressupõe-se que ela tenha no mínimo respeito, mas conforme os relatos isso não aconteceu. “Diante de tudo o que foi relatado e com esse perfil, a secretária não tem condições de continuar exercendo a função no município”, enfatizou.

Os vereadores Léo da padaria e Ted Saliba também se manifestaram em apoio à escola.  O vereador Ted argumentou que a situação é resultado de perseguição política, afirmando que o governo tem historicamente demonstrado hostilidade em relação à instituição. “A questão é clara. A secretária cumpriu ordem de prejudicar a escola Joaquim Corrêa, e não é de agora que esse governo é contra a escola”, denunciou o parlamentar que foi seguido pelo colega Marcos Leiturista, que reforçou sua afirmação.

O presidente da Câmara também lamentou outras questões que demonstram a falta de atuação e comprometimento da secretaria de Esportes com o município, como “o fim do campeonato de futebol amador e a ausência de eventos tradicionais, como a festa da cidade”.

Laécio reiterou seu apoio à substituição da secretária e convocou tanto ela quanto o funcionário mencionado pela diretora da escola a comparecerem à câmara para esclarecerem a situação.

A trajetória esportiva e as conquistas da Escola Estadual Joaquim Corrêa

Em conversa com o Jornal de Juatuba e Mateus Leme, a diretora Polyanna Mendanha, compartilhou as conquistas da instituição que desde 2013, tem sido uma presença constante nos Jogos Escolares de Minas Gerais, marcando uma jornada que transcendeu desafios e alcançou conquistas significativas.

“O início foi bem difícil, por causa da precariedade de materiais e espaços físicos destinados à prática esportiva. Mas isso não impediu que continuássemos e nunca deixamos de participar do JEMGs e de todos os campeonatos regionais que surgiam ao longo do ano letivo”, diz.

“O primeiro título da escola veio em 2016. Ganhamos a primeira medalha no handebol masculino módulo I, uma conquista inédita nas modalidades coletivas da escola. Em 2017, quando assumi a gestão da instituição, priorizei ampliar as modalidades inscritas. Naquela época, participamos dos jogos nas modalidades de xadrez, handball, futsal, peteca e vôlei feminino. Aos poucos ampliamos para o atletismo e natação. Em 2019, incluímos o vôlei masculino”.

2021 foi um marco na trajetória esportiva da escola que pela primeira vez participou de um campeonato nacional, os Jogos Escolares Brasileiros, realizado no Rio de Janeiro. Já no ano seguinte, 2022, mais uma vez, os alunos representaram a escola nos JEBS, desta vez no Rio de Janeiro e em Aracaju. “A escola recebeu um convite especial da Federação de Esportes Estudantis de Minas Gerais para participar dos JEBS 2022, em Foz do Iguaçu, Paraná, na modalidade de vôlei masculino”.

Alunos frustrados

Diogo Cruz é um dos atletas que foram prejudicados pela não inscrição da escola no JEMG. Ele conta sobre a vontade e determinação dos alunos para a disputa, mas lamenta que apesar dos esforços, a expectativa da vitória foi substituída pela frustração.”