SETE PERGUNTAS PARA: Vânia Faria, presidente voluntária do Lar São Mateus

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No último dia 28 de agosto foi comemorado o Dia Nacional do Voluntariado. Ser voluntário é um ato de generosidade e amor ao próximo, por isso, nesta semana, a série “Sete Perguntas” destaca o trabalho da presidente do Lar São Mateus, Vânia Rosa de Faria. Aos 61 anos, ela é formada em Ciências e Direito. Há 18 anos atua como oficial de justiça da comarca de Mateus Leme e há 41 anos é voluntária da Sociedade São Vicente de Paulo. Vânia conta que sua maior realização é auxiliar o próximo em busca de uma vida melhor, em especial, aqueles mais atingidos pela desigualdade social.

1. O significa para você ser voluntária? Há quanto tempo trabalha no Lar São Mateus? Como começou sua história com o lar?

Sou membro da Sociedade São Vicente de Paulo há 41 anos e aí começou meu voluntariado. Ser voluntário é abraçar intensamente a causa a qual se dispõe a servir, penso que não existe voluntário meio termo, ou é ou não. Minha história com o lar teve início há anos com a fundação da qual meu pai participou. Por motivos profissionais, estive fora por 20 anos. Ao retornar voltei também meu olhar para esta casa e passei a atuar, mais intensamente, há aproximadamente oito anos, quando comecei a participar da diretoria.

2. Além de você, quantos voluntários trabalham na entidade? A procura por ajuda é grande? Quantos idosos são acolhidos hoje?

A diretoria é toda voluntária, sendo formada por 12 pessoas, vicentinos e não-vicentinos. Considero voluntários todos os vicentinos que, às vezes, não podem comparecer ao Lar, mas que trabalham incessantemente para que nossos idosos sejam bem assistidos. Atualmente, contamos com seis voluntários no bazar permanente, um voluntário que nos ajuda na lavanderia ou serviços externos, e pessoas que oferecem serviços de corte de cabelo. Em épocas normais, temos uma voluntária na cozinha e manicures, etc. São incontáveis, nem posso declinar nomes sob pena de esquecer algum.

A maioria das pessoas procura de coração aberto para um real voluntariado, mas também existem aqueles que procuram na esperança de um emprego, o que é perdoável e não menos importante para nós. Atualmente acolhemos 32 idosos em situação de risco. A instituição foi fundada com para atender pessoas de no mínimo 60 anos, cuja renda seja insuficiente para se manterem com os cuidados inerentes ao idoso que, na maioria das vezes, estão doentes.

3. A quantidade de doações e oferta de voluntariado foi afetada pela pandemia? De que forma o Lar São Mateus está enfrentando a Covid-19? Quais foram as principais dificuldades de março até agora?

A pandemia afetou diminuindo doações e reduzindo os voluntários cujos trabalhos foram suspensos temporariamente para maior segurança de nossos moradores. O Lar está enfrentando o risco iminente com muito amor dos funcionários, entendendo a necessidade de todo cuidado para não inserir o vírus na instituição. A desinfecção, higienização e zelo são constantes, sendo praticadas por todos, e defino como presença de Deus não termos, até o momento, nenhum caso de Covid-19 no Lar São Mateus. Infelizmente, são inúmeras as instituições que já foram infectadas causando morte e muita tristeza. Na verdade, não estamos fisicamente, emocionalmente e financeiramente preparados. Nossos dormitórios ainda são coletivos com mais de 10 pessoas. Entendo que tomamos medidas imediatas logo no início e isso tem adiado uma possível contaminação.

As dificuldades são inúmeras, mas o que mais dói e destrói o emocional de todos os voluntários e funcionários é ver a carência de um abraço, de um beijo e não podermos ofertar naturalmente. Como há necessidade de distanciamento, as visitas ficam de fora do portão e conversam de longe, sem contato físico e isso faz muita falta a eles. Nossas necessidades aumentaram, pois, sempre que sai algum idoso para UPA ou Hospital, fazemos a quarentena e precisamos de mais cuidadores. Há necessidade também de testes da Covid-19 em idosos ou funcionários e tudo isso aumenta nossos custos.

4. Quais são os meios de sustento do Lar São Mateus? Como o poder público tem contribuído com a manutenção da instituição?

Os municípios de Mateus Leme e Juatuba repassam através de convênio um valor que somados cobrem aproximadamente 18% das despesas. Temos também os benefícios que cobrem 32%. O restante, ou seja, 50%, provém de doações, promoções e vendas do bazar. Este ano não foi possível nenhuma promoção como show de prêmios, feijoada, festa junina, assim, nosso empenho tem sido fazer ações entre amigos. Só quando conseguimos cobrir nossas despesas é que podemos pensar numa melhoria futura.

5. Sabemos que além do voluntariado, a solidariedade por meio de doações é muito importante para a manutenção do lar. De quais formas a população pode ajudar hoje o Lar São Mateus?

O brasileiro e, em especial, as pessoas que acompanham o dia a dia do Lar São Mateus são de tamanha solidariedade que chega a emocionar. Quase nunca chega a faltar algo, pois, se o estoque está baixo, fazemos uma campanha e logo a resposta chega em forma de doações, sem contar pessoas que oferecem para fazer lives, promoções e campanhas. É gratificante o trabalho voluntário só por ver a alegria de nossos idosos, o sorriso daqueles que ofertam sem outros interesses que não o caritativo. Fico emocionada com a generosidade das pessoas.

Existem diversas formas para ajudar o Lar: doação financeira por meio da conta 16.510-7, agência 2288-8 (Banco do Brasil), CNPJ 00.132.080/0001-39; através de carnês; através da conta de energia (Cemig); levando pessoalmente no Lar. Aceitamos também fraldas, alimentos, medicamentos, material de limpeza, higiene, roupas de cama, toalhas, tudo que pode ser revertido em dinheiro através de vendas no bazar.

6. Como é estar na linha de frente do voluntariado neste período de pandemia? Quais os procedimentos estão sendo tomados pelo lar de idosos em decorrência da doença?

Estar à frente de uma instituição em qualquer momento é desafiador. No entanto, este momento é de aprendizado e muito amor para todos nós. Deus nos prepara pois foi Ele que nos escolheu. Tem sido muito difícil, a ajuda que chega é pouca pela demanda. Não temos profissionais como fisioterapeutas, oficineiros, psicólogos e nossos funcionários se desdobram no atendimento diário, tentando suprir ao máximo as necessidades de cada um.

Temos tomado medidas de isolamento, colocando barreiras físicas nas grades, todos que permanecem ou adentram ao Lar são orientados a usar máscara, touca e fazer a desinfecção dos sapatos; lavamos os pátios com água sanitária; fazemos a desinfecção com álcool de maçanetas, corrimãos, barras, mesas, etc.; troca de cadeiras de rodas para saídas externas e desinfecção ao retorno; uso obrigatório de capotes, máscaras, toucas de para idosos nas saídas externas; quarentena de idosos a serem admitidos e idosos que tenham ido a hospital ou UPA; desde março até 30 de agosto buscamos e levamos os funcionários; dentre outras medidas que aumentaram as tarefas e o custo, mas que também aumentaram a segurança.

7. Qual conselho você daria para as pessoas que estão pensando em se engajar em algum tipo de causa como voluntários?

Meu conselho a todos aqueles que desejam dedicar-se a alguma causa é que primeiro é preciso despir-se de qualquer preconceito e inflar seus corações de muito amor. No voluntariado recebemos muito mais do que doamos. No mais, só tenho que exaltar a todos os voluntários, cujos trabalhos são essenciais para o Lar São Mateus e inúmeras outras instituições, ongs, igrejas e outros.

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