A Serra do Elefante, em Mateus Leme, é um patrimônio ambiental, histórico, cultural, religioso e paisagístico inestimável para a região, mas apesar da sua importância, o local vem sendo constantemente ameaçado pela especulação imobiliária, turismo descontrolado e falta de estrutura e fiscalização. As atividades irregulares na Serra causam queimadas, desmatamento, descarte inadequado de lixo e interferência na biodiversidade com o extermínio de animais.
Mesmo com a existência de uma legislação para “proteger” o local, o decreto municipal 146/08 que instituiu a Unidade de Conservação Monumento Natural da Serra do Elefante, o mesmo nunca foi implementado. Em mais uma iniciativa para tentar proteger a reserva natural, a Associação de Amigos da Serra do Elefante propôs a ampliação das articulações institucionais, com o lançamento de uma petição virtual, que será encaminhada ao Ministério Público, Instituto Estadual de Florestas e o Executivo Municipal. A entidade busca agora a captação de apoio de entidades, políticos e a adesão aos movimentos de defesa das serras de Minas à proposta.
O movimento “Salve a Serra do Elefante” prevê ainda o lançamento do Projeto Sementes do Bem, para engajamento dos jovens à causa, distribuição de mudas e sementes, além do recebimento de doações. De acordo com a presidente da Associação, Cleide Nilza Cândido, a entidade vai aderir a uma rede de articulação com outros movimentos que defendem as águas, a biodiversidade e as comunidades do entorno. “Essa articulação é também uma estratégia de luta contra empreendimentos com grandes impactos socioambientais, como mineradoras, empreendimentos imobiliários, grandes estradas, entre outros e formalização de parcerias com o SOS Vargem das Flores, Projeto Pomar BH e Boi Rosado Ambiental. Estas parcerias vão fortalecer o coletivo plural e o desenvolvimento de projetos sociais e ambientais”, destaca.
Mas o objetivo principal dos protetores é garantir a implementação de fato da Unidade de Conservação Monumento Natural da Serra do Elefante. “Vamos cadastrar a Unidade de Conservação junto ao Instituto Estadual de Florestas (IEF), elaborar um plano de manejo e um Conselho Consultivo”, explica Cleide.
Voo livre, mas consciente
Uma das atividades que reúne adeptos e turistas na Serra do Elefante é o voo livre, apesar de a prática não ser regulamentada em Mateus Leme e, por isso, causar transtornos. Segundo os ativistas ambientais, para conseguirem melhores condições de vento, as equipes se deslocam por toda extensão do topo, pisoteando áreas de biodiversidade. “A Associação de Amigos da Serra do Elefante não é contrária a atividade, muito pelo contrário, somos favoráveis, desde que essas atividades estejam de acordo com o plano de manejo. Hoje infelizmente, essa atividade do voo livre não tem regulamentação do espaço aéreo”, destaca Cleide.
Segundo a presidente da entidade, na Serra não há estrutura adequada para receber turistas e nem banheiros, o que gera mal cheiro e coloca em risco a vida a fauna local. Apesar de destacar que não é contrária à atividade esportiva, a associação “cobra a preservação local e a regulamentação do espaço aéreo, além da comercialização de voos, a exemplo do que foi feito recentemente no Topo do Mundo”.
Quer ajudar
Na última semana a entidade lançou a campanha “Salve a Serra do Elefante”, divulgando duas formas de ajudar no projeto: uma delas é adquirindo a camiseta do movimento, pelo valor de R$30 (valor de custo). O pedido da camisa pode ser feito pelo telefone (31) 9 99697004 ou pelo Instagram da @aaseml2020. Já para assinar a petição basta acessar o link chng.it/scSHx59jds. Ainda segundo a presidente da Associação, o movimento, assim como todas as ações desenvolvidas, não tem fins lucrativos. “O retorno é o envolvimento e participação da comunidade para ampliar nossa articulação”, finaliza.
