Já são várias edições do Jornal de Juatuba e Mateus Leme em que a reportagem aborda a luta da população por obras de infraestrutura. As ruas de terra geram muita poeira e, no período de chuva, os buracos transformam as vias em cenários de barro e crateras. Esta semana, os moradores acionaram o jornal novamente e relataram que os problemas continuam os mesmos.
Para comprovar, eles encaminharam à redação imagens mostrando um ônibus escolar transitando com muita poeira na parte interior. O vídeo evidencia também os alunos tossindo e pedindo providências à administração municipal. Segundo eles, as frestas dos coletivos escolares não são bem vedadas e a falta de manutenção das estradas aumenta a propagação da poeira.
Revoltados, os pais mostraram à reportagem a situação da camisa de uniforme dos alunos. A camiseta, que deveria chegar em casa branca, é retirada do corpo dos alunos totalmente encardida do pó das estradas.
Doenças crônicas
Outra reclamação é que crianças e idosos têm tido problemas respiratórios que se agravam ainda mais nos pacientes que têm predisposição à pneumonia, bronquite e asma, doenças alérgicas comuns, que aparecem com frequência durante a estiagem.
De acordo com o médico de Saúde da Família, Leandro Batista, a inalação constante de poeira pode causar danos nos pulmões e nas vias respiratórias. O médico aponta que são mais comuns dois tipos de doenças causadas pela inalação de poeira, a “pneumoconiose benigna, que é provocada quando poeiras aparentemente inofensivas são inaladas e depositadas nos pulmões de tal forma que passam a ser visíveis através de raios X”. E existe também a possibilidade de o paciente ter um quadro de “pneumonite”, que é a inflamação dos tecidos pulmonares ou dos bronquíolos essencialmente provocada pela inalação de poeiras contendo metais.
“Os sintomas são semelhantes à pneumonia, mas o nível de gravidade varia, dependendo do metal inalado. As causas mais comuns são as poeiras de cádmio e de berílio e isso pode ocorrer na cidade, já que ela foi atingida recentemente pelas enchentes, o que ocasionou um acúmulo de lama contaminada com metais pesados, provenientes do desastre em Brumadinho”, disse o médico.