Em silêncio e sem programação especial, Juatuba comemora 31 anos

Lideranças comunitárias e políticas dizem que “não há muito o que comemorar”

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Juatuba surgiu em torno da estação ferroviária da antiga Rede Mineira de Viação e o primeiro registro de habitação está ligado ao ciclo do ouro, sendo a Serra de Santo Antônio ou Serra de Santa Cruz pontos de penetração das bandeiras precedentes do Ouro Preto e Mariana. Os bandeirantes Fernão Dias, Borba Gato, Mateus Leme e outros, vindos destas cidades em busca do ouro, que enfrentaram dificuldades para atravessar o Rio Paraopeba, fundaram os povoados de Mateus Leme e Esmeraldas. No percurso destas bandeiras, em busca de um ponto de referência, passavam por Juatuba que oferecia todas as condições para as paradas das tropas.

Consequentemente à implantação ferroviária, os caminhos de cavaleiros e tropas do Curral Del Rey, Oliveira e Esmeraldas se transformaram em estradas. Era o progresso chegando e transfigurando o trajeto por onde passava. As estradas se cruzavam no local onde está situada Juatuba e onde se encontrava a Estação Rede Oeste de Minas Ferrovia.

E, na antiga Fazenda Varginha se construíam currais para receber o gado que seria embarcado para Belo Horizonte. As primeiras famílias que chegaram foram os Saliba, Amaral, Saraiva, Duarte, Fidélis, Diniz, Lara, Andrade, Ferreira Pinto e Mello Senra. Este foi o começo do crescimento de Juatuba, que ainda era distrito de Mateus Leme.

Toda a arrecadação de Juatuba era dividida com a Sede e outros distritos. O desenvolvimento se deu, principalmente, no setor agropecuário com plantação de eucaliptos e de café, além da criação de gado e implantação da Cervejaria Brahma. Com o passar do tempo surgiu, naturalmente, o movimento de emancipação, sendo formada uma comissão encarregada de organizar a luta pela emancipação do distrito a município.

O nome de origem indígena – Ayú á – vem do Juá, fruta colhida dos espinhos, e Tuba, o Sítio dos Juás. Esta denominação é usada desde 1.911 e foi em 1948 que o povoado foi elevado a distrito, pertencente a Mateus Leme. Com a expansão de Juatuba, a partir dos anos 70, houve grande demanda de áreas e o Instituto Brasileiro de Café iniciou uma campanha de implantação de uma nova economia na região. Empresas como H. Ferreira Pinto Agropecuária, fazendeiros como Rui Saraiva, Juvenal Senra e outros, implantaram aproximadamente um milhão de covas. Foram gerados mais de 800 empregos, iniciando, assim, o progresso e gerando diversas demandas na região.

Em 1978, a empresa de H. F. Empreendimentos Imobiliários colocou à venda 100 lotes destinados às pessoas de baixa renda, implantando novas áreas, chamadas hoje de bairros Cidade Nova I e II.

A emancipação política de Juatuba aconteceu em 27 de abril de 1992, quando também foram emancipados trinta e três distritos de Minas Gerais. A partir da emancipação, o governador do Estado de Minas Gerais nomeou um Intendente para administrar o novo município até a realização das eleições para eleger o 1º prefeito e a 1º Câmara de vereadores. Tornando-se município, Juatuba conservou muitas de suas características tradicionais, mas começou a receber imigrantes à procura de empregos e mais qualidade de vida, o que ocasionou a formação de novos bairros.

“Estamos vivendo um verdadeiro caos na saúde pública”

“Queremos para Juatuba uma administração séria, honesta e transparente, com investimentos principalmente em infraestrutura.

Infelizmente, estamos vivendo um verdadeiro caos na saúde pública, com falta médicos, remédios e valorização aos servidores da saúde.  Enfrentamos uma verdadeira omissão na fiscalização do executivo.

A única coisa que pudemos tirar de positivo na cidade é a instalação da comarca forense e grande atuação do Ministério Público local.

Para melhorar Juatuba é preciso consciência política e maior proximidade do executivo com as lideranças locais e o povo. Que nas próximas eleições o povo vote em candidatos de Juatuba e que realmente tenha interesse e respeito com nossa população”.

Presidente do Sindserj, Geraldo Ricardo de Lima.

“A cidade está mau gerida, mau estruturada e não recebe investimentos“

O que eu vejo nesses 31 anos de emancipação, é que na verdade Juatuba é uma cidade rica e se nós continuarmos reelegendo tais políticos, ela continuará engatinhando. Com 31 anos, me parece que “Juatuba é a sexta cidade em arrecadação no Estado de Minas. Nesses anos todos que moro aqui, desde quando a cidade pertencia a Mateus Leme, eu não vi nenhum progresso. Há 31 anos Juatuba vem engatinhando porque o povo não aprendeu a votar. O mais triste é que aqui é uma cidade onde um gestor doa enormes terrenos públicos para empresas que oferecem apenas 50 empregos para juatubenses e 200 para pessoas de fora. A cidade está mau gerida, mau estruturada e não recebe sequer um investimento nesses anos todos”.

Robson Soares de Teves (Robinho), liderança comunitária de Francelinos.

“Mais desenvolvimento e menos políticos mercenários”

 “Sou natural de Juatuba e sempre acompanho o desenvolvimento do município, muitas coisas aconteceram no decorrer desses 31 anos, mas a população precisa e merece muito mais, principalmente na área da Saúde, Educação, Cultura e Infraestrutura. Precisamos de mais pessoas interessadas no desenvolvimento do município e menos políticos mercenários, interessados apenas em nossas riquezas e que não acrescentam em nada. Se todos que amam realmente nossa cidade unir forcas, conseguiremos construir um futuro muito próspero em prol da população”.

Técnica de Enfermagem, Gilvania Barbosa.

“Juatuba não tem sido governada e sim saqueada”

“Posso dizer que o principal ponto negativo da cidade é que Juatuba não tem sido governada e sim saqueada e explorada. Um bom governo é aquele que ama a cidade, e não apenas o que ela produz e gera para seus governantes. Aqui é uma cidade sossegada, com potencial para se tornar uma das melhores cidades de Minas Gerais. Eu quero e espero muita paz, harmonia e desenvolvimento para nosso município”.

Pastor Fernando Reis, da Igreja do Evangelho Quadrangular.

“Juatuba precisa ser destravada para mostrar seu potencial”

“Juatuba, cidade hospitaleira, que recebe as pessoas com carinho e acolhimento. Terra das Benzedeiras e dos Juás. Um diamante bruto a ser lapidado, que na sua juventude de 31 anos tem muitas coisas a serem melhoradas. Cidade de grande potencial econômico e logístico, mas, que infelizmente deixa a desejar o mínimo do básico, como Infraestrutura e Saúde. Juatuba 31 anos, com mais de 700 ruas de terra e mais de 70% do município sem saneamento básico em pleno 2023. Juatuba precisa ser “destravada” para que mostre a toda Minas Gerais seu grande potencial”.

Alex Araújo, Japão, autônomo.

“Falta melhorar o caráter dos nossos gestores”

“Nesses 31 anos, não há nada o que se comemorar, o que falta na cidade é a melhoria no caráter dos nossos gestores. Está faltando honestidade e amor aos juatubenses, e menos interesses particulares. Além disso, é claro, o desenvolvimento geral da cidade.

Raimunda Nogueira de Oliveira (Fia), dona de casa aposentada

“Para sobreviver, precisa mudar”

“Para que a nossa cidade consiga sobreviver a mais um aniversário, a política tem que mudar. A boa noticia é que ainda resta um pouco da cidade e de pessoas que tem boa vontade para desenvolvê-la. “Basta que o povo tenha mais consciência na hora de escolher seus representantes”.

Maria Helena, autônoma.

“Juatuba carece de investimento na cultura raiz”

“Eu trabalho como mestre de capoeira há muitos anos e há muito tempo eu não vejo um investimento expressivo nessas culturas raiz, que são desenvolvidas em Juatuba desde sua emancipação política. É preciso que o governo de mais importância a nossa cultura raiz, no início, há 30 anos, nossa cultura era mais valorizada e respeitada pelos gestores. O ponto positivo é que as pessoas acordaram e estão em busca de uma Juatuba melhor e isso com certeza será refletido no próximo ano”.

Mestre de Capoeira Marcos Rodrigues, conhecido como “Mestre Guerreiro”.

“É preciso uma Câmara municipal mais ativa em favor da sociedade”

“Juatuba carece de uma política social mais séria, uma Câmara municipal mais ativa em favor da sociedade e fiscalizadora dos bens públicos. Pontos positivos quase não têm no momento, e a situação só piora ao longo dos anos. Não existe modelo de vida socioambiental de qualidade e política de emprego para todos. Ou seja, não existe uma politica de qualidade no geral”.

Nilson de Souza Porto, aposentado.