Representantes das entidades comerciais apontam que prejuízo maior pode vir nos próximos meses

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Beatriz Suga, empresária do ramo calçadista em Juatuba

Empresários afirmam que estão “desesperados se a onda roxa persistir”

“A preocupação com as contas que não param de chegar é visível em nossos lojistas; muitos relatam que este é o pior momento já vivido por eles enquanto como comerciantes; outros estão considerando fechar as portas por não estar mais tendo como sustentar o negócio. Por isso, nós da CDL, fazemos um apelo a todos os consumidores para que ajudem comprando no comércio local”, afirma Nádya Amaral.

O Índice de Confiança no setor industrial cresceu, e a prova disso, foram os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que comprovam que quando a confiança nos setores aumenta, as vagas de emprego também seguem a mesma linha. Mesmo com a crise enfrentada em decorrência do coronavírus, o cenário de 2021 ainda é positivo no setor industrial. Mas o que pode estar bom para um ramo, para o outro está péssimo, e pode ficar ainda pior.O setor que mais tem gerado polêmica durante a pandemia é o comércio. O abrir e fechar as lojas é tema recorrente de discussões. Com o baixo faturamento e muitos dias de portas fechadas, empresas não conseguem se manter e a única solução para alguns empresários tem sido fechar as portas definitivamente. O comércio de Mateus Leme vive seu pior momento segundo as estatísticas do Caged, porque o setor contratou e demitiu ao mesmo tempo 41 pessoas, não gerando nenhum saldo. Já o comércio de Juatuba admitiu 47 pessoas e demitiu 31, ficando com apenas 16 vagas positivas.Em períodos anteriores ao fechamento, as duas cidades geravam números mais animadores, mas devido as projeções da onda roxa decretada pelo Governo Estadual, o número vem caindo gradativamente. Para saber como está o dia a dia dos comerciantes, o Jornal de Juatuba e Mateus Leme conversou com alguns donos de estabelecimentos que se dizem “desesperados se a onda roxa persistir”.

Falta consciência

Pedro Henrique, proprietário de uma loja de vestuário masculino, questiona as medidas adotadas pelo governo do estado e destaca que para a onda roxa ter efetividade, as pessoas precisam ter consciência real do problema enfrentado e fazer a sua parte, sem festas clandestinas e aglomerações. “A onda roxa do governo seria eficaz se realmente parasse tudo, porque do jeito que é feito, eles consideram “essencial” a minoria e dessa forma a gente paga o pato sem ter um resultado eficaz”, pontua.O jovem conta ainda que mesmo durante este ano de pandemia, conseguiu um resultado positivo enquanto a loja estava aberta. Porém, com o fechamento ao público, as atividades ficaram prejudicadas. Como Pedro faz consultoria para ajudar homens a se vestirem bem, o impacto do fechamento tem sido muito grande em seu negócio. “Nessas semanas de onda roxa, o faturamento caiu quase 50%. Mesmo assim, não desanimamos, estamos focando mais nas vendas on-line através do Instagram e usando todas estratégias possíveis para conseguir atender a necessidades dos nossos clientes. Com certeza, logo vamos vencer esse vírus” conta.

Indignação

De acordo com a empresária, Karine Moreira da Silva, que tem quatro lojas de segmentos variados em Juatuba, faltam perspectivas e apoio. Ela diz que o faturamento despencou com os fechamentos consecutivos e que além disso, o setor já estava registrado queda nas vendas nos últimos três anos. “Quando nós conseguimos reerguer, novamente vem outro decreto. Estamos fechados, mas nossas contas estão chegando normalmente e os impostos também.Ainda segundo Karine, todos os comerciantes estão no mesmo barco e a preocupação no momento é com os empregos dos funcionários e o próprio sustento da família. “A onda roxa não está adiantando, uma vez que estão ocorrendo vários tipos de aglomerações, como nas casas lotéricas, supermercados, bancos, festas clandestinas em sítios e ônibus lotados. Não é no comércio que as aglomerações acontecem. Estamos igual fantoches na mão dessa gestão e desse governo”, desabafa Karine.Já Beatriz Suga, empresária do ramo calçadista em Juatuba, diz que no cenário atual tem sido muito difícil tomar uma decisão totalmente correta. Ela pontua que não é contra a onda roxa, mas da forma que está sendo conduzida, o resultado será ineficiente. “Infelizmente estamos vendo que só os pequenos empresários estão tendo que fazer sacrifícios, enquanto a população continua a se aglomerar em filas de banco, casas lotéricas e em sítios nos finais de semana. O sacrifício tem que ser de todos e não só de alguns”, salienta.

Entidades

A presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Juatuba, Nádya Amaral, apesar de ressaltar que a culpa da grave crise que o comércio vive não é apenas da pandemia, pois há alguns anos as vendas têm registrado queda, destaca que o cenário é muito preocupante. “Entendemos a gravidade da situação nesse momento por causa da Covid-19, porém é injusto fechar aqueles que, na realidade são os que menos causam aglomeração em nossa cidade. O fechamento é necessário, mas assim como os estabelecimentos que não estão classificados como essenciais estão lutando para manter seus comércios vivos por meio dos deliverys, essa também deveria ser a opção para os classificados como essenciais. Só desta forma teríamos um lockdown eficiente e veríamos os números da Covid-19 caírem”, pontua.Ainda segundo Nádya, as vendas por meio de redes sociais ainda são muito complicadas e, “por mais que haja avanço nas vendas on-line, a população ainda tem muito receio de realizar compras virtualmente. “Acredito que somente com a ajuda de todos é que poderemos pensar na economia e na saúde das pessoas. Se todos tiverem consciência, podemos reabrir e voltar a aquecer a economia local, mas para isso precisamos da colaboração da sociedade”.Já o presidente da ACIAPS, Francisco Vasconcelos, destaca que a situação do comércio em Mateus Leme em 2020 estava bem controlada, pois os estabelecimentos ficaram fechados apenas cinco semanas, e o maior prejuízo ocorreu somente nas vendas do Dia das Mães. “Este ano a situação está mais séria, porém sabemos que as medidas são necessárias. Nossos associados já relataram que não há o que fazer, a não ser cumprir os decretos. Estamos há cinco semanas fechados e, apesar disso, mesmo com todas as dificuldades, o setor de empregos tem reagindo bem”.

“Em 2020 conseguimos superar bem a pandemia, mas esse ano a situação está preocupante, pois estão faltando vagas nas UTI’s. Hoje, o mais importante é a vida, pois a economia pode se recuperar em um momento posterior, a vida não”, diz Francisco Vasconcelos.

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