Extração mineral próxima a monumento natural Pedra Grande é denunciada na Assembleia

Moradores dos municípios de Mateus Leme, Itatiaiuçu, Igarapé e Brumadinho, temem impactos da atividade no monumento natural que abriga nascentes e cavernas, bem como na fauna e flora da localidade

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Desde janeiro, quando a mineradora Usiminas obteve licença ambiental para instalar empreendimento a cerca de 500 metros de Pedra Grande, monumento natural compreendido entre os municípios de Mateus Leme, Itatiaiuçu, Igarapé e Brumadinho, ambientalistas e comunidade têm se mobilizado contra a atividade.

A busca por frear a mineração no local foi relatada por moradores e lideranças da região, durante visita da Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, à comunidade de Vieiras e à Pedra Grande.

Situada entre os municípios de Mateus Leme, Itatiaiuçu, Igarapé, e Brumadinho, a Pedra Grande é um afloramento rochoso de grandes proporções a 1.434 metros de altitude que pode ser avistado a longa distância. O bem natural já é tombado pelos municípios de Itatiaiuçu e Igarapé. A preocupação dos moradores é que a atividade minerária na localidade traga impactos irreversíveis, sobretudo do ponto de vista socioambiental.

José Roberto Pereira Cândido, mais conhecido como Zezé, da Comissão dos Atingidos de Vieiras e morador do local há 45 anos, explicou que o empreendimento consiste em minerar quase no pé da Pedra Grande. Além disso, está previsto o aumento da extensão da estrada de acesso e seu alargamento em 16 metros.

Assim sendo, o acesso da comunidade de Vieiras à Pedra Grande, que inclusive foi utilizado na visita da comissão, seria destinado à operação do empreendimento e deixaria de ser acessado pela população. As intervenções na estrada podem prejudicar a visibilidade do monumento pela população.

Zezé enfatizou ainda que a Pedra Grande conta com nascentes que desaguam no Rio Manso e que o abastecimento de água pode ficar comprometido. Além disso, conta com um corredor ecológico de travessia de animais silvestres, o único intacto na região, segundo ele.

Outra questão que pontuou diz respeito ao fato de a Usiminas não ter catalogado todas as nascentes, cavidades e cavernas da localidade. Por fim, ele citou que também preocupam impactos do empreendimento como poeira, tráfego de caminhões e possíveis rachaduras nas casas da comunidade.

Restrição do acesso

De acordo com populares, a comunidade foi surpreendida pelo empreendimento da Usiminas no local. Em junho, o acesso da comunidade à Pedra Grande foi fechado pela mineradora e assim permaneceu por cerca de dois meses até que uma liminar garantiu a reabertura.

Em outro momento, trabalhadores da Usiminas chegaram para iniciar as intervenções da estrada e foram impedidos pela comunidade. Ele enfatizou a importância do local para os moradores.

Mobilização

Os desafios na empreitada de proteger a Pedra Grande são muitos, como relataram os moradores da região. Mas, o desejo de protegê-la e a mobilização da comunidade têm sido proporcionais.

Durante a visita da comissão à comunidade de Vieiras, em Itatiaiucu, todos os nove vereadores estiveram presentes. A secretária de Meio Ambiente de Itatiaiuçu, Ana Flávia da Silva, relatou que a prefeitura tem acompanhado tudo de perto e já se reuniu com o Ministério Público Federal e com a Usiminas. Além de ter buscado resguardar o acesso à Pedra Grande, também entrou com pedido para o tombamento estadual do monumento.

Outra ação, como contou, foi pedir uma perícia no licenciamento. Por fim, disse que o empreendimento está paralisado e que há um acordo informal com a mineradora para que não haja nenhuma intervenção até que a população aprove o projeto.

Embora o monumento de Pedra Grande faça divisa com Mateus Leme, nenhum vereador da cidade esteve presente na visita da comissão na cidade vizinha, Itatiaiuçu.