Juatuba e Betim se unem pela mudança no projeto de construção do Rodoanel na RMBH

Cidades propuseram nova alternativa ao projeto original do Estado, que reduz os efeitos de desapropriações, não fragmenta os municípios e tem impacto zero em Áreas de Preservação Ambiental

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O primeiro Ciclo de Audiências Públicas sobre a atualização do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Belo Horizonte, ocorreu em Juatuba e contou com a participação da Prefeitura de Betim.

Com essas reuniões, o Estado pretende conhecer os projetos dos 34 municípios que compõem a Grande BH e apresentar o diagnóstico preliminar para a apreciação da sociedade.

Nesta primeira fase, as cidades formaram duplas para audiências conjuntas. Juatuba que é parceira de Betim apresentaram, no auditório da Escola Municipal Elza de Oliveira Saraiva, projetos, empreendimentos e diretrizes de impacto regional, entre eles a proposta em defesa da construção do Rodoanel Metropolitano.

Segundo as prefeituras, diferentemente do projeto do Estado, a proposta para a construção da supervia atenua danos urbanísticos, sociais, ambientais e econômicos à região.

 “O desenho do município reduz expressivamente os efeitos de desapropriações, não fragmenta as cidades ao meio – cortando bairros, equipamentos públicos e empresas, por exemplo – e tem impacto zero na Área de Preservação Ambiental de Vargem das Flores – enquanto o projeto do governo de Minas tem boa parte do traçado dentro da APA e também das cidades de Betim e Contagem”.

Além disso, a proposta apresenta desenho da malha viária que conecta o Rodoanel a nove rodovias e abrange sete cidades: Betim, Ribeirão das Neves, Esmeraldas, Sarzedo, Brumadinho, Ibirité e Nova Lima, propiciando melhorias no acesso a outros municípios como Juatuba, Igarapé, São Joaquim de Bicas, Mário Campos e Mateus Leme.

Com isso, o traçado proposto também amplia a mobilidade urbana na região metropolitana de Belo Horizonte, com melhor distribuição do trânsito pesado, em vez de concentrá-lo nas zonas com alto número de residências, o que provocaria diversas desapropriações.

Juntas, as cidades apresentarão ainda outros projetos de mobilidade, urbanismo, sustentabilidade e desenvolvimento econômico, como o do aeródromo, que, conforme pontuado à reportagem, “será um marco também para toda a região com um novo modal de transporte, diversificando a economia local”.

Se o Governo de Minas não aceitar a proposta, estima-se que mais de 200 mil moradores sejam afetados com as obras que irão cortar os dois municípios. Cerca de 400 famílias podem ser retiradas de casa.

Projeto já sofreu mudanças

O projeto inicial do Rodoanel proposto pelo Governo de Minas, contemplava a construção simultânea de quatro alças, com um total de 100 km de extensão, sendo os trechos norte e oeste os maiores, com 43,92km cada.

Mas, um edital foi publicado, prevendo a construção inicial apenas destes dois trechos, sendo as outras duas alças (Sudoeste e Sul) possíveis de serem incluídas como novos investimentos, a partir de novos aportes por parte do governo.

O trecho Norte, iniciará no km 0,00 (Entroncamento com a BR-381 trecho Belo Horizonte – Governador Valadares) e findando no km 43,92 (Entroncamento com a LMG-806), com extensão de 43,92 km. Já o trecho Oeste, iniciará no km 43,92 (Entroncamento com a LMG-806) e findando no km 70,22 (Considerando o acesso ao contorno de Betim) com extensão de 26,30 km.

Os valores inicialmente previstos, no entanto, não sofreram mudanças. Há previsão de aporte de cerca de R$ 3 bilhões por parte do estado, sendo os maiores custos para obras (R$ 2,2 bilhões) e desapropriações (R$ 422,5 milhões), segundo estudo econômico-financeiro presente no portal da Seinfra.

A empresa vencedora ainda deverá fazer um aporte de outros R$ 2 bilhões. O critério para escolha da licitação será o menor valor da contraprestação a ser paga pela administração pública, ou seja, ganhará a empresa que oferecer o maior desconto sobre o valor a ser aportado pelo estado.

O Rodoanel Metropolitano terá um novo modelo de cobrança de pedágio. As cobranças serão feitas no chamado “free flow”, sistema de livre passagem, sem praças de cobrança, e o valor cobrado vai variar conforme a quantidade de quilômetros rodados.

Nos estudos que constam no site da Seinfra, é considerado o preço de R$ 0,35/km (data base de junho de 2021). Para transitar em toda a extensão, um veículo leve deverá pagar, por exemplo, R$ 35,23.