O presidente da Amisa – Associação das Mineradoras da Serra Azul, Gustavo Freitas Gonçalves nasceu em Belo Horizonte e se mudou para Itaúna há 32 anos. É formado em Direito pela Universidade de Itaúna e trabalha na Minerita Minérios Itaúna Ltda. há cerca de 18 anos, como Gerente de Meio Ambiente, desenvolvendo e executando todos os serviços ligados à área ambiental e social, como licenciamentos, Programa de Educação Ambiental e o Programa de Comunicação Social.
Primeiramente, fale-nos o que é a AMISA e quais são as empresas que a integram. Quando ela foi criada? Quais os municípios abrangidos pela Serra Azul? Qual é a contribuição dessa associação para os municípios e as empresas que dela fazem parte?
Fundada há quase 30 anos, a Associação das Mineradoras da Serra Azul (AMISA) é resultado da união da Arcelor Mittal, MBL, Mineração Usiminas e Minerita, em prol do desenvolvimento de Itatiaiuçu e região. Desde que a AMISA foi criada, as associadas trabalham em conjunto para tornar cada vez mais sustentáveis e seguros os processos para a extração e o beneficiamento do minério de ferro. A entidade tem como proposta principal o diálogo aberto com as comunidades e órgãos públicos, na busca por melhores oportunidades para os moradores dos municípios ao entorno das mineradoras. E em 2020, foi criado um novo ciclo, a criação de novos canais de comunicação com a população e um cronograma de ações elaborado com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento dessas Comunidades.
Diante dos graves problemas recentes vivenciados pelas cidades de Mariana e Brumadinho, por causa do rompimento de barragens, quais são os planos da AMISA com relação ao cuidado com as barragens da nossa região? Como é feito o trabalho de proteção e orientação à população que vive na proximidade das indústrias de minério sob a coordenação da AMISA? As nossas barragens oferecem segurança?
A AMISA, através de suas associadas, contratou empresas especializadas em serviços sociais, ambientais e de segurança, para levantamento das áreas a jusante das barragens, da população e para o desenvolvimento de ações com o intuito de informar e preparar os moradores que ocupam essas áreas, sempre com a programação de atualização periódica destes dados.
Toda a população da jusante das Barragens é catalogada e instruída através de reuniões e treinamentos. Em 2019, foi realizado o primeiro simulado com as comunidades no entorno das Barragens, que obteve um número expressivo de colaboradores e grande aprovação por parte dos órgãos diretamente envolvidos, para 2020 estava previsto outro simulado, mas devido a pandemia o mesmo não pode ser realizado.
Quanto à segurança das Barragens, trata-se de informação intrínseca de cada Empresa e que as mesmas devem se reportar pessoalmente, mas há de se destacar que todas estão empenhadas em cumprir todas as determinações legais e ambientais para a garantia de segurança de suas estruturas.
E os projetos ambientais da AMISA, o que tem sido realizado e o que está ainda sendo gestado para um futuro próximo? De que forma as comunidades participam desses projetos?
A AMISA está empenhada em implementar projetos sociais e ambientais na região, algumas ações já estão sendo desenvolvidas, internamente nas Mineradoras, bem como externamente junto às Comunidades, como o Programa de Educação Ambiental e o Programa de Comunicação Social com a participação direta dos moradores das localidades no entorno.
Devido à pandemia, as ações que envolvem aglomeração estão suspensas, com toda documentação protocolada na SUPRAM. Os Cursos online de preservação ambiental continuam sendo ministrados para os colaboradores das mineradoras além de ações constantes no Programa de Comunicação Social que não gerem aglomeração.
A pandemia da Covid-19 tem dificultado o trabalho da AMISA em algum sentido? Alguma iniciativa da Associação foi interrompida ou cancelada em razão das restrições impostas pela doença?
O trabalho continua sendo executado com todas medidas de proteção contra a Covid-19, mas devido à pandemia alguns programas foram suspensos como o Portas Abertas que é abertura das mineradoras à visitação das comunidades do entorno, para que as mesmas conheçam melhor as atividades minerárias que as cercam.
Há cerca dois anos, quando passou por restruturação e com a inauguração da sede, a AMISA criou programas de comunicação com a comunidade e também de educação ambiental. Como está o andamento desses projetos? O que já foi feito? Quais as próximas ações da AMISA planejadas para a comunidade que a cerca?
Os projetos estão sendo executados com as medidas de segurança e proteção à Covid-19, exceto os citados na pergunta anterior. Desde a instalação da sede no centro de Itatiaiuçu em janeiro de 2020, a Amisa vem sendo conhecida e se destacando pelo seu trabalho. Contratamos a jornalista kelen Moreira para ser Analista de Comunicação da associação, e por meio dela, os trabalhos estão sendo executados. Instalamos Wi-Fi grátis para a população na sede da AMISA, através do celular (31) 99340-4083 que aceita chamadas a cobrar, criamos uma ouvidoria para reclamações e orientações, criamos o site www.amisaserraazul.com.br que disponibiliza matérias informativas sobre todas as ações das mineradoras, instalamos 44 placas informativas contendo site, endereço, e-mail e telefone nas 18 comunidades no entorno da Serra Azul.
Foi implantado o informativo “Amisa Comunidade” que é um jornal impresso trimestral e também compartilhado via WhatsApp para os nosso stakeholders, que são os líderes comunitários, e a partir deles é enviado o informativo para outros moradores.
A Associação das Mineradoras da Serra Azul – Amisa já realizou duas lives, que foram transmitidas pelo Instagram @amisaserraazul e contou com a apresentação de Fabrício Gato, Coordenador de Projetos e Brigadas da Associação Mineira do Ambiente e participação especial de Rafael Macedo Chaves, Analista Ambiental do IBAMA e Coordenador Estadual do Prevfogo de Minas Gerais. Já a segunda live, teve o tema “Prevenção e medidas de saúde contra o Coronavírus”, com a participação do médico do trabalho e clínico geral Doutor Paulo Henrique Costa. Em outubro realizamos a primeira blitz do “Caminhoneiro Parceiro” na estrada que dá acesso às mineradoras, com o objetivo de reforçar entre os transportadores do minério a necessidade dos cuidados com a segurança e a saúde, além de conscientizá-los sobre a importância do cumprimento das normas de trânsito e dos bons hábitos nas estradas.
Durante a blitz educativa, foram feitos cerca de 100 testes de glicemia, aferição de pressão arterial e temperatura. A AMISA distribuiu 250 kits com materiais educativos e produtos de higiene pessoal e, em parceria com a Despoluir – Programa Ambiental do Transporte, viabilizou a realização de testes de fumaça preta nas carretas.
Em 2021, já temos várias ações marcadas, o nosso quinto informativo já foi distribuído em janeiro e em março já iremos realizar a nossa segunda blitz do programa “Caminhoneiro Parceiro”. Também vamos instalar Wi-Fi gratuito em todas as 18 comunidades no entorno da Serra Azul e estamos esperando apenas o cabeamento chegar nos locais. Parcerias também serão firmadas, mas este é um assunto ainda a ser discutido em reunião com os demais gestores.
A atividade de mineração lida com a exploração de um recurso não renovável. Assim como muitas cidades do quadrilátero ferrífero, Itatiaiuçu tem grande dependência econômica das mineradoras. É possível mensurar a vida útil das reservas da Serra Azul? Existe um limite de exploração na região? Há um plano por parte das empresas ou da AMISA para quando o minério explorável acabar?
Quanto a vida útil das reservas, apenas cada Mineradora, através de seus gestores podem mensurar, mas todas as Mineradoras devem ter um Plano de Fechamento de Mina que vislumbra a destinação das áreas que foram ocupadas pelas mesmas, adequando-as à realidade do Município e se integrando ao momento econômico vivido.
Ainda que não esteja diretamente ligado à questão da AMISA, até mesmo por causa de sua localização, gostaria de propor um tema relacionado à Brumadinho. Os inúmeros problemas da cidade decorrentes do rompimento da barragem ainda estão insolúveis. Na sua opinião, eles foram malconduzidos ou estão seguindo o seu curso normal? O que poderia ser feito diferente do que tem sido tratado pelos empresários, poder público, setores da sociedade e as próprias autoridades ambientais?
Acredito que através do diálogo e transparência pode-se conhecer melhor as particularidades que envolvem qualquer tipo de empreendimento e que apenas com a participação ativa daqueles que direta ou indiretamente estão ligados as estes, poderemos atender aos anseios comuns sem que acha prejuízo a qualquer ente da sociedade.